Já nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (18), Dia De Mobilização em Locais de Trabalho, o movimento sindical foi ‘ao chão de fábrica’ dialogar com trabalhadores e trabalhadoras sobre a atual situação do país, descrita pelo presidente da CUT, Sérgio Nobre, como “um Brasil sem futuro, se continuar nas mãos de Bolsonaro”.
Junto com os presidentes da Força Sindical, Miguel Torres, da UGT, Ricardo Patah, da CTB, Adilson Araújo, da NCST, José Reginaldo Inácio, e da CSB, Antonio Neto, em assembleia na porta da fábrica MWM, zona Sul de São Paulo, Sérgio Nobre denunciou a atuação genocida do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) tanto no estrangulamento da economia quanto no enfretamento à pandemia do novo coronavírus e convocou todos e todas a irem neste sábado nos atos “fora, Bolsonaro”, que serão realizados em mais de 400 cidades.
Durante todo o dia, dirigentes sindicais irão a locais de trabalho com a missão de conscientizar os trabalhadores sobre a tragédia social brasileira e convocar a classe trabalhadora para os atos de amanhã.
O nosso Brasil não tem futuro se continuar nesse caminho. Precisamos de um presidente ou uma presidenta à altura do nosso povo, [à altura] do que o momento exige para que o país possa voltar a crescer no caminho da democracia- Sérgio Nobre
O ‘fora, Bolsonaro’, conforme afirmou o presidente da CUT, não é apenas porque o presidente é incompetente e sem condições de governar o país. “É por tudo o que está acontecendo”.
E o dirigente relacionou apenas alguns dos motivos. Entre eles, o desemprego em patamares elevados, como nunca antes na história, a fome, a miséria, o fechamento de indústrias e a entrega de estatais à miniciativa privada.
“A imprensa diz que o desemprego é de cerca de 15%, mas só entra na estatística quem procurou trabalho nos últimos seis meses. Se faz bicos, não entra na estatística, portanto, é mais de 30%”, disse o dirigente, que emendou com a triste realidade de cerca de 20 milhões de brasileiros que hoje passam fome no Brasil, consequência da política econômica de Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes.
“Nas ruas, nas periferias, famílias inteiras passando fome, dormindo nas calçadas, pedindo nos faróis, nos supermercados. Isso tinha acabado no Brasil”, disse o presidente da CUT.
Ainda sobre o desemprego Sérgio Nobre criticou o projeto de Bolsonaro para o país, que destrói todo e qualquer espaço institucional de proteção aos trabalhadores. “Estamos no maior desemprego e não temos um Ministério do Trabalho. A primeira coisa que Bolsonaro fez foi acabar com o ministério [do Trabalho], assim como o Ministério da Indústria e Comércio, que hoje não tem mais”, disse.
Destruição da indústria e do emprego
Sérgio Nobre denunciou que o país está perdendo a indústria e os incentivos a ela direcionados, caso de linhas de financiamento pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de veículos pesados, como caminhões e ônibus.
Também na linha da destruição, além da indústria, estão as estatais brasileiras. Sérgio lembrou que em todos os momentos da história do país em que houve crescimento, houve investimento do Estado, oposto do que acontece agora em que o governo federal “abre mão de todo o patrimônio dos brasileiros e usa a capacidade do Estado para importar produção”.
Toda vez que o Brasil cresceu e gerou empregos, teve impulsionamento do Estado, de estatais e do BNDES. Foi assim com Getúlio Vargas, com investimento nas siderúrgicas. Foi assim com os militares quando o Brasil parou de importar e começou a fazer as coisas aqui. Foi assim com Lula, quando a Petrobras deixou de comrar plataformas em Singapura e começou a produzir no Brasil- Sérgio Nobre
500 mil vidas perdidas
O sábado, 19 de junho, será emblemático. Em quase todo o Brasil os atos vão denunciar o genocídio de Bolsonaro. É o dia em que o Brasil provavelmente atingirá a trágica marca de meio milhão de mortes em decorrência da Covid-19.
Sérgio Nobre, na manhã desta sexta-feira, lembrou que pelo menos dois terços dessas mortes poderiam ter sido evitadas – vidas teriam sido salvas – se Bolsonaro “tivesse feito as coisas corretas no começo”, disse o dirigente, se referindo a demora na compra de vacinas e da criação de um comando nacional de combate à pandemia, tão cobrado por especialistas.
Além de ter se mostrado contrário à vacina e ter negligenciado a imunização com o atraso na compra de doses, Bolsonaro trata a Covid-19 como uma gripezinha.
O capitão ‘receita’ medicamentos ineficazes para combater o coronavírus, como a Hidroxicloroquina e a Ivermectina, esse segundo indicado para o tratamento de piolhos e sarna, provoca aglomerações, desrespeita protocolos de segurança, não usa máscara e a é favor da chamada imunidade de rebanho, que consiste na imunização pela contaminação coletiva.
E tudo isso, enquanto o Brasil vê uma média de dois mil mortos por dia.
Sérgio Nobre deu o recado aos trabalhadores. E pautas como o auxílio emergencial de R$ 600, a defesa do SUS, vacinação já para todos, contra a reforma Administrativa e contra as privatizações engrossarão o coro do Fora Bolsonaro, que nesta sexta foi levado aos locais de trabalho e neste sábado, ocuparão as ruas de todo o país.