Mais um surto de contaminação pela Covid-19 foi registrado em plataformas de petróleo da Petrobrás. Desta vez, na P-47, no campo de Marlin, na Bacia de Campos (RJ), onde treze petroleiros desembarcaram com sintomas da doença ao longo da semana. A situação é crítica por questões sanitária e de segurança. Em média, 150 pessoas trabalham na plataforma, onde o risco iminente de contaminação assusta a categoria.
Este é mais um flagrante do descaso da gestão da Petrobrás com a saúde de seus empregados e que levou a categoria a entrar em greve em defesa da vida, no último dia 4, por tempo indeterminado. A recusa da empresa em cumprir condições mínimas para a preservação da saúde dos trabalhadores, diante da pandemia da Covid-19, vem sendo denunciada sistematicamente pela Federação Única de Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados.
"Boa parte das pessoas que estão a bordo da P-47 por mais de 14 dias poderiam não estar no meio deste surto. A greve sanitária é justamente pela melhoria dos protocolos de embarque, dos protocolos de testagem. No mínimo, a testagem tem que ser semanal, que é o período de incubação do vírus”, destaca Alexandre Vieira, coordenador do Departamento de Saúde e Segurança do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
Segundo ele, é preocupante mais uma plataforma sofrendo com surto de Covid-19. Enquanto isso, não há ações eficazes no combate à pandemia promovidas pela gestão da Petrobrás, nem das empresas terceirizadas. Vieira lembra que categoria reivindica a adoção de medidas de segurança e protocolos sanitários recomendados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como o uso de máscaras adequadas para todos e testagens.
“A diretoria do Sindipetro-NF segue recebendo denúncias da insistência da Petrobrás em manter trabalhadores por mais de 14 dias embarcados, descumprindo a lei 5811. A greve sanitária se mostra cada vez mais necessária, em defesa da vida", afirma Vieira.
Enquanto isso, aumentam rapidamente os casos de Covid-19 na Petrobrás. O Boletim de Monitoramento da Covid-19 de número 56, publicado no site do Ministério das Minas e Energia (MME) na última segunda-feira (10/5), revela total de 6.592 mil empregados da Petrobrás infectados por Covid-19 desde o inicio da pandemia. Isso representa 14,2% do contingente de empregados próprios da empresa. Segundo o Ministério, foram registrados 32 óbitos. Mas de acordo com informações recebidas pela FUP, com base em denúncias, chega a 80 o número de mortes.
Os dados do MME contabilizam 6.348 trabalhadores da Petrobrás recuperados. E mostram que a semana começou com 175 novos casos confirmados e em quarentena, e 47 hospitalizados. A maior incidência da doença, mais de 70% do total, ocorre em plataformas offshore.
Os surtos mais recentes registrados pelo Sindipetro-NF na Bacia de Campos ocorreram nas plataformas P-25 e P-31 (campo de Albacora); P-35 (Marlim); P-53 (Marlim Leste); P-54 (Roncador); P-48 (Caratinga); e P-38 (Marlim Sul).
Somente em abril, foram mais de 500 petroleiros contaminados nas unidades marítimas, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).