Metalúrgicos da Sonaca, empresa do setor aeronáutico localizada na zona sul de São José dos Campos, suspenderam a greve por aumento de salário e direitos. A decisão foi tomada em assembleia unificada na manhã desta quarta-feira (5), após 14 dias de paralisação.
Em audiência pré-processual realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), em Campinas, nesta terça (4), o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região expôs a situação dos trabalhadores e tentou negociar com a Sonaca, que se manteve intransigente.
O TRT apresentou uma proposta de acordo, que prevê 7,1% de reajuste salarial, assinatura de acordo coletivo sem retirada de direitos, estabilidade no emprego por 90 dias e pagamento de metade dos dias parados, com compensação e desconto dos demais dias. A Sonaca ficou de analisar a proposta. Uma nova audiência está prevista para semana que vem.
Com isso, os trabalhadores decidiram suspender temporariamente o movimento.
“A greve não acabou. Os metalúrgicos decidiram aguardar mobilizados a próxima audiência com a Sonaca, no TRT. Portanto, a paralisação pode voltar a qualquer momento”, explica o diretor do Sindicato José Eduardo Gabriel, o Bob.
A paralisação é uma das mais longas realizadas na Sonaca e com maior adesão de trabalhadores.
Mobilização
A greve começou no dia 23, quando os trabalhadores decidiram enfrentar a intransigência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa as fábricas do setor aeronáutico nas negociações da Campanha Salarial.
Como a federação se nega a assinar convenção coletiva e tenta retirar direitos dos trabalhadores, os metalúrgicos passaram a exigir negociação direta com a Sonaca.
Durante os 14 dias de greve, a mobilização enfrentou forte repressão. Há relatos de assédio moral por parte de supervisores e chefia. Além disso, em todos os dias parados, a Sonaca acionou forte aparato da Polícia Militar para coagir os trabalhadores.
A postura antissindical é comum a empresas parceiras da Embraer. A fabricante de aviões determina que suas fornecedoras rejeitem negociações com o Sindicato e coajam os empregados. Essa imposição evidencia a formação de cartel comandado pela Embraer.
O Sindicato denunciou a prática em mesa redonda com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), na segunda-feira (3), e na audiência pré-processual com o TRT. O fato também consta em moção de repúdio à Sonaca, Fiesp e Embraer.
“Consideramos o movimento vitorioso pela força e mobilização. Fazer greve no setor aeronáutico é sempre um desafio, diante da repressão das fábricas. Mas os trabalhadores da Sonaca não abaixaram a cabeça e foram firmes, mesmo enfrentando assédio e PM todos os dias”, conclui Bob.
A Sonaca produz peças aeronáuticas para diversas empresas, como Boeing, Embraer e HondaJet.