Notícia - Entregadores da Keeta realizaram greve na China por melhores condições de trabalho; no Brasil, empresa anuncia mais de R$ 2 bilhões em investimentos

Segundo os trabalhadores, a situação se agravou após a Deliveroo, maior concorrente da empresa, encerrar definitivamente operações de entrega de refeições no país.

No comunicado geral dos entregadores explicando a ação grevista para à Keeta e imprensa local, a precarização que já existia ficou pior com a redução das taxas de entrega, de HK$ 40–50 para aproximadamente HK$ 30. Atualmente os entregadores na China ganham cerca de US$ 0,70 por entrega, obrigando-os a trabalhar longas horas sem descanso para uma vida social ou familiar.

Os trabalhadores ainda pediram providências da Keeta em relação ao mecanismo de coleta de pedidos, que têm chegado em alertas pop-up, pelo celular, e que devem ser retirados por ordem de chegada, sistema que tem causado acidentes quando tentam aceitar pedidos enquanto estão pilotando as motocicletas ou criando, ainda, concorrência entre os próprios entregadores.

Recentemente, um entregador foi encontrado morto ao lado de sua scooter elétrica, do lado de fora de um enorme complexo residencial no distrito de Yuhang, em Hangzhou. Autoridades chinesas suspeitam de exaustão devido aos longos períodos dedicados às entregas. Ele tinha 55 anos.

O SindimotoSP, em setembro, á convite da Federação Nacional dos Sindicatos da China (clique aqui para ler reportagem sobre o assunto), esteve na comitiva de representantes sindicais da CUT,  Força Sindical,  UGT, Nova Central, CSB e CTB, participando do Seminário China-Brasil, com o objetivo de reforçar o diálogo sindical entre os dois países.

Na ocasião discutiu-se formas e soluções para que a precarização diminua para estes trabalhadores do setor de motofrete.

Precarização de entregadores no Brasil segue sem mudanças significativas

A Keeta anunciou junto com o presidente Lula, em agosto, investimento de mais de R$ 2 bilhões para o setor. Mas não especificou em que área e se, os trabalhadores brasileiros terão sistema de trabalho igual ou diferente ao dos chineses.

Assim como os entregadores chineses, os brasileiros têm enfrentado dificuldades para exercer o ofício. São horas em cima de motos ou bikes transportando alimentos, muitas vezes sem dinheiro para se alimentar. Baixa remuneração e nenhum direito trabalhista também fazem parte da rotina deles.

O governo federal tentou pacificação entre empresas e trabalhadores, mas não atingiu êxito. Os entregadores seguem na maior precarização da história no setor de motofrete.

Para o SindimotoSP, a discussão sobre os direitos trabalhistas dos entregadores deve seguir com o que já têm de leis federais criadas exatamente para proteger os trabalhadores do setor, bem como empresas de aplicativos seguirem o que já determina à CLT em relação a proteção destes trabalhadores.

Nessa semana, o Supremo Tribuna Federal (STF), discutirá mais uma ação trabalhista que fala sobre vínculo empregatício e, em breve, terá audiência para definir essa questão que servirá como base para as sentenças trabalhistas que estão no Judiciário.

 


Fonte:  Jornal A Voz do Motoboy - 13/10/2025

 

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