Notícia - CSP-Conlutas critica conciliação de classes, arcabouço fiscal e exige ruptura com Israel

O segundo dia da reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, em 11 de outubro, concentrou-se na análise da conjuntura política e econômica brasileira e internacional, marcada pela solidariedade incondicional ao povo palestino e pela crítica veemente à política de conciliação de classes do governo federal no Brasil.

Entre os temas abordados, a ênfase ao genocídio palestino, saudação à Flotilha Sumud Global e conexão das lutas internacionais com a resistência da classe trabalhadora global; a oposição da CSP-Conlutas ao arcabouço fiscal, denúncia de desmonte do serviço público e críticas à submissão do governo ao capital e ao imperialismo; assim, como a necessidade de construir uma alternativa classista e socialista, combater a extrema direita e unificar as lutas setoriais em um plano de ação unificado, com foco na mobilização do dia 29 de outubro.

A mesa de debatedores foi composta pela dirigente do MML Marcela Azevedo e o operário da construção civil Atnágoras Lopes, do Bloco Operário e Popular e do PSTU; o metroviário Alex Fernandes, da Unidos pra Lutar e da LS, Matheus Crespo, do MRS; a da rede estadual de Minas Gerais Flavia Valle, do Nossa Classe/MRT; o servidor municipal de Santos José Roberto, do Socialismo ou Barbárie; e Danilo Bianchi, da Oposição da Apeoesp, Combate/CST).

 

Marcela Azevedo

Marcela pontuou que o cessar-fogo em torno de Gaza e acredita que se deve à solidariedade mundial contra o genocídio do povo palestino. Também mencionou a importância do apoio aos trabalhadores ucranianos e à juventude global, que vem se levantando em inúmeros países como Nepal, Madagascar, Indonésia, Perú e outros com lutas que refletem a falta de perspectiva desse segmento da sociedade, assim como o apoio às lutas em Angola e outros países africanos.

Criticou a política de conciliação do governo Lula frente a temas relativos à soberania nacional, como se deu a falta de enfrentamento diante da taxação de tarifas, mas também a entrega das riquezas naturais do país ao capital imperialista internacional.

A dirigente abordou a destruição da estrutura do país, citando o caso da falta de fiscalização cotidiana no país, em estados e municípios as mortes por metanol como exemplo da falta de fiscalização desde a extinção do órgão fiscalizador pelo governo Temer, em 2016, mas tampouco foi resgatado por governos posteriores.

Denunciou a aprovação da PEC da Blindagem, que busca impunidade com apadrinhamento político e votos governistas, e alertou sobre o projeto da extrema direita como a tentativa de acabar com o acesso ao aborto em casos de violência sexual, baseado em resoluções do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).

Marcela Defendeu a organização de base, a ação direta e a necessidade de a esquerda se colocar como alternativa à conciliação de classes e à extrema direita. E além da grande mobilização de 29 de outubro, centrar atenção no Novembro Negro com datas de luta do movimento negro e da Central neste período.

 

Atnágoras Lopes

Compreende a conjuntura em um momento de disputas políticas e ideológicas globais, resultantes da crise do capital. Por isso, é fundamental que a esquerda socialista fazer a disputa neste contexto.

Atnágoras classificou o governo como “totalmente submisso à soberania internacional" como se demonstrou na aproximação do governo Trump e também com a China. Além disso, se mostra incapaz de implementar pautas como a jornada 6x1, desfazer a reformas aplicadas em governos anteriores e outras. Criticou o financiamento massivo ao agronegócio, em torno de R$ 570 bilhões via BNDES em detrimento da reforma agrária e da melhoria da qualidade de vida de quem vive com salário mínimo.

Destacou a importância de lutar contra o desmonte de direitos, que se dá por meio do arcabouço fiscal e da reforma administrativa, e apoiar a resistência dos povos indígenas contra o marco temporal e a luta por moradia.

Propôs que a CSP-Conlutas intervenha na COP30 em Belém (PA), em unidade de ação, mas com disputa de consciência, denunciando a questão de classe da cúpula que privilegia capitalistas. Defendeu a unidade de ação no marco classista e socialista, unificando os setores operário, público, povos originários e movimentos populares e contra as opressões.

 

Alex Fernandes

Reforçou a prioridade da luta em defesa do povo palestino. Expressou desconfiança na ação imperialista, que visa desarmar a resistência, e exigiu a ruptura do governo Lula com Israel.

Alex criticou o arcabouço fiscal como reflexo no povo, que desmonta o serviço público, pois “o governo utiliza dinheiro público por meio do BNDES para alimentar e financiar privatizações”. Neste sentido, defendeu que a CSP-Conlutas centrar a luta contra a reforma administrativa e no dia de mobilização em 29 de outubro.

Afirmou que o governo Lula não representa os trabalhadores e conclamou a uma ampla unidade da esquerda socialista para se fortalecer contra o governo e a extrema direita, definindo um alinhamento programático para construir uma referência política classista e revolucionária.

 

Matheus Crespo

Argumentou que a popularidade de Lula não é o debate central, devendo-se focar nos aspectos concretos da economia e da luta de classes, como o pagamento da dívida pública, os juros altos, a violência contra as mulheres, adoecimento no trabalho e o aumento das queimadas.

Criticou o governo por preferir pagar a dívida pública aos bancos e conceder isenções e financiamentos privados, o que gera a necessidade da reforma administrativa transferindo o valor de suas contas para os servidores e pela população.

Denunciou a entrega da Caixa Econômica a aliados políticos, o aumento da jornada de 6 para 8 horas e o fechamento de agências

 Defendeu que a CSP-Conlutas deve ser a central "inimiga do governo Lula", com foco em uma saída revolucionária para o país, que não se limite à lógica eleitoral ou ao "cadeia para Bolsonaro".

 

Flavia Valle

Saudou os ativistas da flotilha e defendeu como luta pela "Palestina livre do rio ao mar", exigindo que "nenhuma gota de petróleo da Petrobras" vá para Israel, pois a Palestina é o centro da luta internacional e derrotar Israel é uma vitória para a classe trabalhadora mundial.

Flávia conectou a crise global com a resistência por meio das lutas citando a juventude na Ásia, Angola, Nepal e a greve geral na Itália contra o genocídio ao povo palestino. Lembrou que o massacre palestino se assemelha como política capitalista à situação da classe trabalhadora no Brasil, afirmando que "o mesmo sistema que massacra o povo palestino é o mesmo que não deixa a classe trabalhadora chegar ao final do mês”.

Criticou o governo Lula por manter as reformas e impor o arcabouço fiscal e privatizações, mesmo diante de ingerências externas, como as taxações de Trump, a Lei Magnitsky e exploração da Amazônia.

A dirigente defendeu a construção de uma política de independência de classe e um programa anti-imperialista, incluindo 30 horas de trabalho semanal e Petrobras 100% estatal, chamando a CSP-Conlutas a exigir uma mobilização no dia 29 de outubro e uma greve geral.

 

José Roberto

Caracterizou o campo de disputa internacional entre "extrema direita e democracia", e no Brasil, entre "extrema direita e governo de conciliação de classes". Defendeu as ações contra a PEC da Blindagem e a Anistia que culminaram em grandes manifestações em 21 de setembro.

Defendeu que a CSP-Conlutas deve ser a central que representará a unidade de ação e dará direção política aos explorados e oprimidos, engajando jovens, movimentos negros e de mulheres.

José Roberto propôs a construção de um plano político dos trabalhadores a partir de uma plenária virtual de ativistas, apontando na construção de um polo político e democrático para enfrentar a situação.

 

Danilo Bianchi

Destacou a resistência palestina e o avanço da solidariedade mundial, mas lamentou o "duplo discurso" do governo Lula, que não transformou palavras em ações concretas de defesa do povo palestino ao reconhecer o genocídio, mas não romper com o estado genocida de Israel.

Criticou a falta de medidas anti-imperialistas do governo Lula, exemplificando no "tarifaço" e a negociação de terras raras com os EUA, e sua atuação na COP30, que se dá em meio em ataques internos aos povos originários e outros com o Marco Temporal e o PL da Devastação.

Danilo enfatizou que Lula cresce pela falta de uma alternativa de esquerda e aversão a Bolsonaro. Defendeu a preparação do dia 29 de outubro como central e a necessidade de construir uma alternativa nas lutas e no campo eleitoral para um governo da classe trabalhadora e socialista.

A partir da apresentação sobre conjuntura por integrantes da SEN, o debate foi aberto ao plenário virtual preenchendo o horário da manhã até o meio da tarde, com novos elementos acrescentados e apresentação de síntese final pelos mesmos integrantes da SEN.

Aprovação de resoluções, moções e relatórios dos Setoriais

Após o ponto de Conjuntura Nacional, a reunião da Coordenação Nacional se dedica a aprovar os relatórios das frentes de atuação por categorias, os Setoriais, as moções e a resolução política.   


Fonte:  CSP-CONLUTAS - 13/10/2025

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.