Notícia - Intercâmbio Sindical China-Brasil fortalece laços entre trabalhadores

Entre os dias 16 e 23 de setembro de 2025, lideranças sindicais brasileiras participaram de um seminário de intercâmbio promovido pela Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU), em Pequim. O evento celebrou os 100 anos da ACFTU e os 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China, reunindo representantes das principais centrais sindicais brasileiras: Nova Central (NCST), CTB, CUT, Força Sindical, UGT e CSB.


Histórico

A cerimônia de abertura foi conduzida por lideranças chinesas, que apresentaram um panorama da evolução do sindicalismo no país. A ACFTU, fundada em 1925, é a única organização sindical legalmente reconhecida na China, com mais de 300 milhões de membros, sendo considerada a maior federação sindical do mundo. Sua trajetória inclui períodos de repressão, reestruturação e adaptação ao modelo socialista de emprego, com forte vínculo ao Partido Comunista Chinês (PCC).

Pela delegação brasileira, coube à Nova Central abrir os discursos. O orador foi Wilson Pereira, diretor financeiro da entidade e presidente da CONTRATUH, que representou o presidente Moacyr Auersvald, ausente por motivos emocionais após o falecimento do filho de Denílson Pestana, diretor de assuntos internacionais da Central.

 

Desafios e esperanças

Em sua fala, Wilson Pereira destacou que todos estavam reunidos por uma causa comum: a defesa dos direitos da classe trabalhadora. Ele agradeceu à ACFTU pela recepção calorosa e ressaltou o momento histórico do intercâmbio. O discurso abordou:

  • As dificuldades enfrentadas pelo sindicalismo brasileiro desde a Reforma Trabalhista de 2017.
  • A importância de manter viva a chama da luta sindical, citando o líder José Calixto Ramos.
  • Os impactos da inteligência artificial, automação e plataformas digitais sobre o mundo do trabalho.
  • A urgência de regulamentar o trabalho em aplicativos, tanto no Brasil quanto na China.
  • A necessidade de fortalecer o BRICS frente às tarifações impostas pelos EUA.
  • O papel do presidente Lula, ex-sindicalista, na luta contra a fome, desigualdade e desemprego.
  • A importância da COP 30, que será sediada em Belém do Pará, como marco da transição ecológica justa.

 

Cooperação e modelo chinês

Durante o seminário, os brasileiros conheceram de perto o modelo sindical chinês, que se transformou ao longo das décadas. A ACFTU passou de uma estrutura estatal para uma atuação mais ampla, incluindo o setor privado, especialmente após a abertura econômica de 1978. Os sindicatos chineses hoje atuam em conjunto com empresas estatais, oferecendo benefícios como habitação, saúde, licença maternidade e aposentadoria.

Os brasileiros apresentaram o modelo de negociação coletiva vigente no Brasil, destacando os acordos e convenções que garantem reajustes salariais, benefícios e assistência aos trabalhadores e suas famílias. A troca de experiências reforçou a importância de sindicatos atuantes e independentes, capazes de enfrentar os desafios da nova economia digital.

 

Um marco

O seminário foi considerado um marco histórico para o sindicalismo internacional. A delegação brasileira participou de debates sobre digitalização sindical, trabalho em plataformas e políticas públicas de qualificação profissional. Visitas a empresas de alta tecnologia e centros de serviços para trabalhadores mostraram como a China tem buscado harmonizar inovação com proteção social.

A expectativa é que esse intercâmbio abra caminho para novas parcerias, projetos conjuntos e ações coordenadas entre as centrais sindicais dos dois países, fortalecendo a solidariedade internacional e a luta por um mundo do trabalho mais justo e inclusivo.


Fonte:  Contratuh - 30/09/2025

 

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