Notícia - Greve geral na França expõe insatisfação popular

A França viveu nesta quinta-feira (18) mais um dia de fortes protestos contra o governo do presidente Emmanuel Macron. A greve geral, que mobilizou diferentes categorias e paralisou setores estratégicos, resultou em 58 prisões nas primeiras horas do movimento, segundo balanço do Ministério do Interior.

Transporte e serviços públicos afetados

O impacto foi mais visível no transporte urbano. No metrô de Paris, apenas 3 das 16 linhas funcionaram normalmente — todas automatizadas, sem condutor. Já os trens de alta velocidade (TGVs) operaram em 90% da capacidade.

O setor educacional também foi atingido: 45% das escolas de ensino médio pararam as atividades, de acordo com sindicatos de professores. Farmacêuticos e fisioterapeutas estão entre as categorias que aderiram em peso à paralisação.

Mobilização policial e risco de violência

O ministro do Interior, Bruno Retailleau, informou que 80 mil policiais e gendarmes foram mobilizados em todo o país para conter possíveis atos de violência. Retailleau disse que o governo será “implacável” diante de depredações e alertou para a atuação de grupos “black blocs”.

Críticas à política econômica e social

A insatisfação popular vai além da reforma da Previdência de 2023, que elevou a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos. Segundo informações divulgadas pela central sindical Force Ouvrière (FO), economistas apontam que, desde 2019, políticas públicas voltadas ao apoio empresarial e à redução do custo da mão de obra enfraqueceram a produtividade francesa. O Observatório Francês de Conjunturas Econômicas (OFCE) e o Banco da França (BdF) destacam que tais medidas priorizaram a manutenção do emprego, mas limitaram o potencial de crescimento.

Saúde sob pressão

Estudo da Drees, diretoria estatística dos ministérios sociais, revela que as famílias destinavam em média 15% da renda anual a gastos de saúde em 2019, o equivalente a € 6.800. Para famílias de baixa renda, esse peso é ainda maior, chegando a 34% da renda nos casos mais extremos. Os sindicatos alertam que novos cortes previstos para a seguridade social — como redução de investimentos em hospitais e aumento de franquias — tendem a aprofundar desigualdades.

Empresas beneficiadas

O relatório também critica o elevado volume de recursos destinados ao setor empresarial. Em 2023, as empresas receberam € 211 bilhões em ajudas públicas, incluindo € 88 bilhões em isenções de contribuições previdenciárias, de acordo com relatório do Senado francês. O documento recomendou maior transparência e até a devolução de subsídios em casos de realocação de atividades, mas as propostas não foram adotadas pelo Executivo.

Crise política

A instabilidade política se soma ao descontentamento social. O novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, nomeado na semana passada, é o quarto em apenas dois anos a assumir o cargo sem maioria na Assembleia Nacional. A oposição, de esquerda e de direita, pressiona por novas eleições legislativas ou pela renúncia de Macron, o que poderia antecipar a eleição presidencial marcada para 2027.

Com informações de Folha de S. Paulo (18/09/2025) e Force Ouvrière (FO)


Fonte:  Rádio Peão Brasil - 18/09/2025

 

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