Notícia - Dia do Trabalho 2025 nos EUA será 1º de setembro

Por Mark Gruenberg

Tradicionalmente, no Dia do Trabalho acontecem desfiles, piqueniques e churrascos, mas este ano será marcado pelos mais de 500 protestos que acontecerão de uma ponta a outra do país.

AFL-CIO está apoiando eventos organizados por federações trabalhistas em muitas cidades e por coalizões como May Day Strong, Indivisible, os organizadores do No Kings Day e muitas outras formações. A presidente da federação, Liz Shuler, estará onde a ação acontecer, em Los Angeles, enquanto a presidente da Federação Americana de Professores (AFT), Randi Weingarten, se juntará ao presidente da Federação do Trabalho de Chicago, Rob Reiter, como figuras principais na Cidade dos Ventos.

Nova York sediará um desfile em 6 de setembro. Los Angeles terá uma mistura de quatro protestos ou desfiles, com mais nas áreas suburbanas. O protesto mais ao sudeste, até agora, será em West Palm Beach, na Flórida. O mais ao noroeste será em Seattle, enquanto o Maine terá vários eventos. Guam será o ponto mais a oeste, além de outro no Havaí.

Ações pelo país

Como se esses protestos espalhados não fossem suficientes, já há uma série de ações acontecendo pelo país antes mesmo de chegarmos ao Dia do Trabalho.

Há manifestações contínuas no centro de Washington, D.C., contra a tomada militar do presidente Donald Trump ali. E no sábado, 16 de agosto, grandes comícios ocorreram em Illinois e no Texas em apoio aos legisladores democratas do estado da Estrela Solitária que fugiram do Capitólio em Austin para impedir que os republicanos no poder obtivessem o quórum necessário na Câmara estadual para aprovar seu esquema racista de manipulação distrital.

O Partido Republicano no Texas, a pedido de Trump, planeja aprovar à força um redesenho hiperpartidário dos distritos eleitorais, para fatiar e dilacerar os distritos que atualmente elegem legisladores democratas negros e latinos — tudo para manter a maioria republicana na Câmara dos Deputados no próximo ano.

Mesmo antes do Dia do Trabalho, a National Action Network do reverendo Al Sharpton planeja, em 28 de agosto, uma comemoração do discurso “Eu Tenho um Sonho”, de Martin Luther King, na cidade de Nova York.

A maior mobilização será no Dia do Trabalho

Mas a maior demonstração, esperam os organizadores, vai acontecer justamente no Dia do Trabalho. Os eventos locais podem ser encontrados em MayDayStrong.org. Há também um kit de ferramentas para anfitriões e organizadores coordenarem suas ações. Os organizadores esperam superar os cerca de cinco milhões de pessoas que tomaram as ruas no No Kings Day, em abril.

As principais reivindicações em todos os protestos serão: “parar a tomada bilionária e a corrupção desenfreada do governo Trump, proteger e defender o Medicaid, a Seguridade Social e outros programas para a classe trabalhadora”, além de “escolas totalmente financiadas, saúde e moradia para todos.”

Os manifestantes também exigirão que o regime Trump “pare os ataques contra imigrantes, negros, povos indígenas, pessoas trans e todas as nossas comunidades, e invista nas pessoas, não em guerras.”

“Vamos agitar a cidade”, previu o presidente da Federação do Trabalho de Chicago, Rob Reiter, em uma recente reunião de organização da coalizão No Kings/May Day. “Queremos dezenas de milhares de pessoas enfrentando a oligarquia sobre a qual Donald Trump se apoia.

“Queremos comunicar a mensagem de que este país está retomando as coisas para si mesmo”, disse ele às mil pessoas presentes naquela chamada de conferência em massa.

“O Sindicato dos Professores de Chicago e a Federação do Trabalho de Chicago vão se mobilizar e marchar passando por maus patrões bilionários, exigindo direitos sindicais, civis e de imigrantes, ao mesmo tempo em que demandam que os ricos paguem a sua parte justa”, afirma a publicação do May Day Strong sobre o desfile que partirá do Monumento de Haymarket, no lado norte da cidade.

“Piqueniques e desfiles são importantes”, mas não são tudo, disse Weingarten na reunião de organização em Chicago. Ela estará em Haymarket em 1º de setembro. A Federação do Trabalho de Illinois também sediará um desfile em West Pullman, próximo ao local histórico da grande greve dos ferroviários de 1893.

“Eles não apenas mentem sobre o que estão fazendo, mas estão tirando o que as famílias trabalhadoras precisam”, disse Weingarten sobre Trump e seus apoiadores MAGA, dentro e fora do Capitólio. “E para quê? Para dar mais dinheiro aos bilionários?

“Temos direito à riqueza do nosso país. Temos que estar nas ruas.”

Economia e direitos trabalhistas

A economia e os direitos trabalhistas serão temas centrais, e muitos dos eventos terão como lema #TrabalhadoresAcimaDosBilionários. Outros destacarão causas específicas.

Hugo Valdez, do Comitê Central do Trabalho do Condado de Martin Luther King (Seattle), disse que a marcha lá terá como alvo a Palantir, uma contratada federal que “fornece informações sensíveis e precisas” usadas pelo exército dos EUA e pelo exército israelense para cobertura de mísseis de drones e — em Gaza — ataques contra civis.

“Eles estão no bairro tecnológico de Seattle, e Peter Thiel”, doador do Partido Republicano, “é o dono. Ele tem uma fortuna de US\$ 26,2 bilhões… queremos pelo menos mil trabalhadores protestando contra esse investimento em crimes de guerra de Israel.”

Como outros trabalhadores federais, Jessica LaPoint, presidente do Conselho 220 de Funcionários Públicos, tem enfrentado enormes cortes de Trump. Seu conselho representa os trabalhadores da Seguridade Social, incluindo aqueles na sede em Woodlawn, Maryland, um subúrbio de Baltimore.

Ataques ao movimento sindical

“Há um ataque coordenado”, por parte de Trump, “contra o movimento sindical, e a AFGE está na linha de frente” do iceberg que Trump quer derreter destruindo os sindicatos. Recentemente, ele anulou 30 contratos sindicais que cobriam um milhão de trabalhadores federais. Milhares de outros, incluindo muitos da Seguridade Social, se aposentaram ou aceitaram planos de demissão voluntária — que só duram até 30 de setembro.

“Precisamos da maior e mais forte mobilização do Dia do Trabalho da história deste país”, afirma LaPoint.

“Os bilionários continuam a travar uma guerra cruel contra os trabalhadores, com seus cúmplices na administração, no ICE e nas forças policiais sustentando seus ataques. Neste Dia do Trabalho, continuaremos firmes, lutando por escolas públicas em vez de lucros privados, saúde em vez de fundos especulativos, prosperidade compartilhada em vez de política corporativa”, afirma o grupo que organiza uma manifestação em frente ao clube de golfe de Trump em Pine Hill, Nova Jersey.

“Não vamos recuar — nunca vamos parar de lutar por nossas famílias e pelos direitos e liberdades que garantem acesso à oportunidade e a uma vida melhor para todos os americanos. O tempo dos bilionários acabou.”

“Os bilionários continuam a travar uma guerra cruel contra os trabalhadores, com seus cúmplices na administração, no ICE e nas forças policiais sustentando seus ataques”, dizem também os organizadores do evento em West Palm Beach, Flórida. “Neste Dia do Trabalho, continuaremos firmes, lutando por escolas públicas em vez de lucros privados, saúde em vez de fundos especulativos, prosperidade compartilhada em vez de política corporativa.”

A coalizão As Escolas que Nossos Estudantes Merecem — junto com o sindicato Laborers Local 1095, a CWA Local 6143, a AFSCME Local 2021 e os Trabalhadores da Eletricidade Local 60 — está reunindo trabalhadores e membros da comunidade de San Antonio no Dia do Trabalho para enviar uma mensagem clara sobre o Projeto Marvel: é inaceitável gastar centenas de milhões de dólares públicos em um novo estádio enquanto professores mal pagos usam seu próprio dinheiro para preparar salas de aula para estudantes da classe trabalhadora do centro urbano.

“Não deveríamos estar discutindo sobre um investimento público maciço em entretenimento esportivo no centro da cidade sem antes enfrentar as dificuldades das famílias trabalhadoras da nossa cidade.” Deveria haver “investimento equivalente em educação pública, transporte público, moradia acessível, e criação de empregos sindicais fortes e bem remunerados.”

“Este Dia do Trabalho, precisamos comparecer — e comparecer em peso”, declara a AFL-CIO da North Shore, organizadora da manifestação no 11º Distrito Congressual de Cleveland. “Nunca houve tanto em jogo para os trabalhadores. Desde as ameaças aos direitos sindicais e à saúde até os ataques aos salários, aos serviços públicos e à própria democracia, o desfile deste ano não é apenas uma celebração — é uma declaração. Uma grande, barulhenta e unida declaração de que não vamos recuar.”

E Tallahassee, Flórida, sediará uma arrecadação de fundos e um debate no salão da American Legion. O tema principal é: “Da Flórida para a Nação: Como a Legislação Estadual se Tornou um Modelo Nacional.”

“Vamos explorar como as leis recentes aprovadas na Flórida estão influenciando a política nacional — e como os trabalhadores podem reagir”, dizem os organizadores.

O jornalista premiado Mark Gruenberg é chefe do escritório do People’s World em Washington, D.C.

Texto traduzido do People´s World por Luciana Cristina Ruy


Fonte:  Rádio Peão Brasil - 26/08/2025

 

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