O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC promoveu em conjunto com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e a Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT/SP (FEM-CUT/SP), na última sexta-feira (15), um debate com a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), reunindo trabalhadores, dirigentes sindicais e convidados na sede da entidade, em São Bernardo do Campo.
O encontro teve como foco central a luta pelo fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários — uma pauta histórica do movimento sindical e cada vez mais presente nos debates sobre o futuro do trabalho no Brasil. A atividade integra uma agenda de debates e mobilizações que visam os direitos dos trabalhadores na organização do trabalho no país.
Durante sua fala, a deputada Erika Hilton reforçou o compromisso com a classe trabalhadora e defendeu que a redução da jornada é uma medida viável, que traz benefícios tanto aos trabalhadores quanto à economia como um todo.
“A redução da jornada de trabalho não trará nenhum nível de prejuízo ao país. Ela não diminuirá a produtividade, muito pelo contrário. Porque descansado, com qualidade de vida, engajado no seu trabalho, o trabalhador produz muito melhor. O trabalhador trabalha com mais vontade. O trabalhador fica mais feliz com o seu trabalho. Com a quantidade de processo que é movido por acidente no trabalho, por adoecimento doméstico, o Brasil só tem a ganhar com a redução da jornada de trabalho. E eu quero dizer que nós vamos derrubar a 6x1 neste país”, afirmou a deputada.
A proposta dialoga com experiências já implementadas em outros países, que indicam aumento de produtividade, redução de doenças relacionadas ao trabalho e maior satisfação profissional.
Nós não nascemos apenas para produzir
O presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, destacou o trabalho que a Confederação vem fazendo para defender a pauta da redução em todo o país, mobilizando a categoria metalúrgica, articulando junto ao Macrossetor Indústria da CUT, a parlamentares em Brasília, e também nos estados e municípios, e junto à sociedade.
“Nós não nascemos só para o trabalho e essa campanha que a CNM/CUT tem feito pelo Brasil, de que a vida não é só para o trabalho, a vida também é descanso, a vida também não é só produzida. Nós não somos máquinas, nós somos seres humanos, somos pessoas e é isso que nós temos dito para o empresariado e eles têm dito uma coisa que a gente é custo, e nós não somos custo, nós não somos problemas, nós somos soluções. Por isso que nós travamos aqui esses debates com o empresariado e por isso que nós fomos ao Congresso Nacional, por isso que nós estamos defendendo o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho, sem redução do salário, por isso que a gente acredita que a oportunidade que nós temos é agora de reduzir a jornada de trabalho”, salientou o presidente da CNM/CUT.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, a presença da deputada reforça a mobilização da categoria em torno da pauta. “A companheira Erika Hilton é uma aliada fundamental na luta pela redução de jornada, sem redução de salários, e pelo fim da escala 6x1. Seguimos mobilizados na luta e não vamos parar até avançarmos nesta pauta da classe trabalhadora”, destacou o dirigente.
Mulher trabalhadora pode, enfim, ter mais descanso
A secretária de Formação da CNM/CUT, Maria do Amparo Travassos Ramos, destacou o quanto a redução da jornada de trabalho é importante para as mulheres trabalhadoras, já que elas, em sua grande maioria, costumam fazer dupla ou tripla jornada de trabalho, e não costumam ter tempo para mais nada em sua vida.
“É uma questão de dignidade para os trabalhadores e para as trabalhadoras, para a mulher, para a criança, o fim da escala 6x1, porque isso é uma coisa que é desumana. É desumana tanto para a mulher, para a mãe, para o homem, que é menos tempo você ficar com a sua família e cuidar da sua família. Então isso é de extrema importância, e já vai fazer quase 40 anos que foi a última redução da jornada. Então está na hora da gente fazer isso, né? Nós mulheres metalúrgicas, nós temos o domingo, e o domingo não é para descansar, é pra você lavar roupa, ir no mercado, cuidar da casa. Então quer dizer, é 6x0. Não tem 6x1 a mulher trabalhadora metalúrgica, a gente tem 6x0. Então isso vem para mudar a nossa vida, para ter um dia de descanso”, disse Amparo.
Ao final do evento, o secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida (Renatinho) elogiou a amplitude que a mensagem levada por Erika alcançou, já que ela trouxe um público diverso ao Sindicato e também abordou outras lutas do campo político progressista na atualidade em Brasília.
“Então, essa organização foi para fora do nosso campo sindical, foi uma agenda aberta para toda a sociedade e tivemos aqui a representação de vários segmentos que estão inseridos na sociedade como um todo. Foi uma agenda importantíssima que dialoga também com as pautas da nossa Confederação. A Erika não tratou somente do fim da escala 6x1, mas ela trouxe comentários, posições sobre a democracia que está sendo atacada durante todo o tempo, sobre a soberania nacional, as questões raciais de gênero, o ataque que a companheirada LGBT sofre diariamente, as mortes, enfim, a violência doméstica, entre outras pautas. Foi um debate que furou a nossa bolha, o nosso quadrado político e sindical, e a gente pode dialogar com outras pessoas que não pertencem ao nosso dia a dia”, pontuou Renatinho.