As medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a soberania e a economia do Brasil foram alvo de uma manifestação realizada nesta quarta-feira (16), em frente à matriz da Embraer, em São José dos Campos. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à CSP-Conlutas.
Manifestantes empunharam faixas e cartazes com críticas à política externa dos Estados Unidos e deixaram o recado: “Trump, tire as mãos do Brasil”. Em outros cartazes, a exigência era: “Sem anistia! Cadeia para Bolsonaro e todos os golpistas”.
A taxação imposta pelo governo Trump deve impactar diretamente empresas exportadoras. A Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, exporta grande parte de sua produção para os Estados Unidos. Seis em cada dez aeronaves da Embraer destinam-se àquele país.
Com a sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros, os custos para comercialização no mercado norte-americano devem aumentar, o que pode levar a encerramento de contratos comerciais e ao corte de milhares de empregos no setor aeronáutico brasileiro. No Brasil, a Embraer emprega cerca de 18 mil trabalhadores e possui fábricas em São José dos Campos, Taubaté, Gavião Peixoto, Botucatu e Sorocaba.
Em entrevista à imprensa concedida na terça-feira (15), o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que a taxação deve gerar impactos negativos semelhantes aos da Covid-19, incluindo demissões na empresa. A declaração foi recebida com indignação pelo Sindicato, que pretende pedir agendamento de reunião com a direção da fábrica para discutir o assunto.
“É inadmissível que a Embraer fale em demissões. A empresa ganhou muito dinheiro no último período e não pode jogar nas costas dos trabalhadores o peso das medidas de Donald Trump”, afirmou o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, durante a manifestação.
Weller também defendeu que Lula edite uma medida provisória para garantir a preservação de postos de trabalho.
Ataque à soberania
Num evidente ataque à soberania nacional, Trump está usando a taxação para pressionar o Brasil a anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro no processo por tentativa de golpe. Os manifestantes cobraram uma resposta firme do governo Lula à tentativa do norte-americano em interferir no cenário político e jurídico brasileiro. Ontem, Trump anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, alegando práticas "desleais" que restringiriam o comércio americano.
O posicionamento do Sindicato confirma seu caráter de independência em relação ao governo, seja qual for o partido.
“Que este ato seja apenas o primeiro e que seja referência para que todos os sindicatos e centrais sindicais convoquem imediatamente um dia nacional de luta e de paralisação em defesa da soberania nacional e contra a ameaça de Donald Trump”, conclui Weller.