O nome do Sindicato dos Padeiros de São Paulo está prestes a entrar para a história mundial do tango.
Neste sábado, 7 de junho de 2025, às 11h, a entidade realizará uma cerimônia em homenagem a Alfredo Le Pera, parceiro de Carlos Gardel na composição de suas canções mais famosas, nascido na mesma data em 1900 em uma casa que existia no terreno onde hoje fica a sede do Sindicato na rua Major Diogo, 126, na Bela Vista (Bixiga).
O evento será promovido em parceria com o “Projeto Cultural Le Pera Poeta de Gardel”, formado por admiradores argentinos e brasileiros com o objetivo de incentivar a realização de 125 homenagens ao músico brasileiro, ao redor do mundo, no ano em que marca os 125 anos de seu nascimento.
Entre outros atrativos, haverá apresentação ao vivo de músicas da dupla e descerramento de uma placa comemorativa. A entrada é franqueada ao público.
Segundo Chiquinho Pereira, presidente do Sindicato dos Padeiros, a entidade está orgulhosa em poder participar “de uma homenagem tão justa, tão importante para o conjunto da sociedade, não só aqui da Bela Vista ou São Paulo, ou Brasil, mas do mundo inteiro, porque homenagear o Le Pera e o Carlos Gardel não é uma coisa local, não é uma coisa de um grupo, não é uma coisa pequena. Nós estamos falando de homens que, a partir da música, movimentaram boa parte do mundo com sua bela arte. Nós precisamos, de uma forma geral, envolver o nosso povo cada vez mais no mundo da cultura, porque ela movimenta, ela educa, ela traz progresso, ela humaniza, ela realmente transforma pessoas em pessoas cada vez melhores”.
Alfredo Le Pera era filho de imigrantes italianos (Alfonso Le Pera e Maria Sorrentino Moreno) e, com dois anos de idade, foi levado para a Argentina. Jornalista, poeta, crítico de teatro, tornou-se parceiro de Carlos Gardel na composição de 31 canções, entre elas tangos icônicos como “Mi Buenos Aires Querido”, “Por una Cabeza”, “Volver”, “El Día que me Quieras” e “Silencio”. Le Pera fazia as letras (poemas, para os argentinos), enquanto Gardel fazia as melodias e dava vida às canções com sua voz de barítono. O filho do Bixiga também escreveu os roteiros de sete películas estreladas por Gardel.
“Por una Cabeza”, um dos tangos mais famosos da dupla, conta a história de um apostador compulsivo em corridas de cavalo que compara seu vício aos cavalos com a atração irresistível que sente pelas mulheres. É a música mais difundida da dupla, utilizada em dezenas de filmes, entre eles “Perfume de Mulher” (1992), em que Al Pacino, interpretando um cego, dança o tango com a atriz Gabrielle Anwar, uma cena icônica.
“Mi Buenos Aires Querido” foi adotada como um hino em homenagem à capital argentina, uma canção que exalta sua beleza, sua cultura e sua emoção. “El dia que me quieras” seria uma canção dedicada a uma dançarina por quem Le Pera se apaixonara. “Volver” é um clássico do gênero, que foi considerado patrimônio mundial imaterial pela UNESCO em 2009.
Le Pera também foi o roteirista de sete dos filmes do “Rei do Tango”. Gardel era do tipo galã, bonitão, sorridente e fez moda com o jeito elegante de se vestir, com chapéu de feltro e lenço. Le Pera era discreto, taciturno. Um misto de dramaturgo, escritor e jornalista. Largou o curso de medicina para abraçar o mundo das letras. Sua paixão era escrever canções, preferia ficar atrás das luzes sobre Gardel, segundo o estudioso Ruben Ali.
Outro traço de sua personalidade era o apreço pela vida noturna. Junto do cantor argentino (naturalizado) passava horas em bares e casas de shows de Buenos Aires. O filho do Bixiga “pode ser definido como um boêmio de alta qualidade poética”, segundo o estudioso.
O acidente aéreo que vitimou ambos em 24 de junho 1935 em Medellin, na Colômbia, ocorreu durante uma turnê pela América Latina e causou comoção não apenas no universo da música, mas em todo o mundo.
Sobre as comemorações mundiais e nacionais consulte: