A primeira reunião sobre a retomada das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFENs) da Petrobrás, realizada no sábado (31/05) pela FUP, evidenciou a força da organização coletiva dos trabalhadores na luta pela retomada das plantas paralisadas. O encontro reuniu diversos ex-funcionários das unidades da Bahia e de Sergipe, que se posicionaram contra a terceirização da operação, alertando para os riscos que isso representaria para o meio ambiente e a segurança das comunidades do entorno das fábricas.
As duas plantas de fertilizantes foram devolvidas pela Unigel à Petrobras, mas existe em curso um processo de licitação para contrato de O&M (Operação e Manutenção). Os trabalhadores que participaram da reunião discutiram propostas para que a retomada da produção seja feita pelos efetivos próprios da empresa. “Eles reforçaram o compromisso com a soberania nacional e a consciência de classe de que a luta não é apenas por empregos individuais, mas pela valorização do trabalho coletivo e pelo fortalecimento da empresa pública”, afirma Albérico Queiroz, diretor da FUP.
Ele lembra que foi a mobilização dos trabalhadores que barrou o contrato de Tolling, que foi, inclusive, questionado pelo TCU e manteria as unidades sob a posse da Unigel. “Esta vitória parcial demonstra o poder da organização sindical quando atua em conjunto com a base, evidenciando que a luta de classes permanece viva e necessária no contexto atual”, declara.
A reunião de sábado foi marcada por diversas manifestações de solidariedade entre os trabalhadores, que compartilharam conhecimentos e experiências para viabilizar a retomada das operações. “A gente tem expertise de operador. Em seis meses a gente bota a planta para rodar”, afirmou um dos participantes, expressando a confiança na capacidade técnica coletiva dos profissionais da Petrobrás.
Entre as propostas apresentadas durante o encontro estão: utilizar o pessoal experiente da Petrobrás; aproveitar a parada de manutenção para treinamento; apresentar um plano de viabilidade com pessoal próprio; considerar operar inicialmente uma das fábricas; e implementar um plano gradual de primeirização. Como encaminhamentos, ficou definida a elaboração coletiva de um material técnico para apresentar à Petrobrás uma contraproposta ao contrato de O&M.
As sugestões apresentadas demonstram que os trabalhadores não querem ser apenas meros executores, mas protagonistas na construção de alternativas viáveis. “Os trabalhadores deixaram evidente que estão engajados na busca por soluções concretas para a retomada da operação das duas fábricas e também a necessidade de ampliar a mobilização e a luta sindical contra a terceirização e pela valorização do trabalho próprio”, relatou Albérico.
Outro ponto destacado por ele é o comprometimento da categoria com a segurança, cuja abordagem vai além do aspecto técnico, pois trata-se também de uma questão de responsabilidade social. “As unidades de fertilizantes, caracterizadas como de alta complexidade e extremamente perigosas, exigem mão de obra adequadamente treinada. A luta pela operação das fábricas com pessoal próprio transcende interesses individuais, é uma resistência coletiva contra o desmonte do patrimônio público e a precarização das relações de trabalho”, explica o diretor da FUP.
Ele cita o exemplo da Unidade de Reforma Catalítica da REPLAN (URC – U-1230), que estava hibernada e voltou a operar em apenas seis meses, após esforço coletivo dos trabalhadores. “Isso evidencia o potencial transformador da classe trabalhadora, quando unida em torno de um objetivo comum. Este caso demonstra que, quando os trabalhadores têm autonomia e são valorizados, conseguem encontrar soluções eficientes e seguras para problemas complexos”, ressalta Albérico, que é também diretor do Sindipetro Unificado SP.