Com a premissa “Construindo o nosso futuro: como superar o modelo sindical?”, a 9ª Plenária da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) foi marcada por reflexões profundas e questionamentos contundentes ao atual modelo sindical brasileiro. A atividade foi construída em conjunto com os sindicatos filiados e entidades parceiras e realizada entre os dias 14 e 16, em Itanhaém.
Durante três dias, os dirigentes sindicais participaram de palestras, rodas de conversas e dinâmicas em grupo para avaliar a atuação sindical da atualidade, que traz influências do sindicalismo herdado da Era Vargas, com diversas práticas que não acompanham as transformações aceleradas nas relações de trabalho e no perfil da classe trabalhadora.
O encontro evidenciou que o novo sindicalismo — mais democrático, participativo e alinhado às lutas contemporâneas — avançou de forma pontual, alcançando apenas algumas categorias e poucos sindicatos. A plenária destacou, portanto, a necessidade urgente de expandir esse modelo onde ele ainda não chegou e avançar onde já existe, para que o movimento sindical possa se renovar e responder com mais força às demandas atuais da classe trabalhadora.
O próprio formato da plenária foi uma provocação às mudanças necessárias. A proposta rompeu com os moldes tradicionais das atividades sindicais, apostando em metodologias mais participativas, como as dinâmicas em grupos e a abertura ampla para todas as falas.
Um exemplo simbólico foi a forma de composição da mesa de abertura solene, que representou, na prática, o espírito democrático e inovador que se buscava discutir e implementar, com a participação de trabalhadoras e trabalhadores da base sem nenhum mandato, com diretoras e diretores sindicais, mulheres, jovens, dirigentes experientes e representes de entidades parceiras da FEM-CUT/SP, além de presidentes e presidentas dos sindicatos filiados.
Além da autocrítica estrutural, a plenária também reforçou pautas centrais da classe trabalhadora, em Itanhaém: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, o fim da escala 6×1, a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil e para as Participações nos Lucros e Resultados (PLRs) e Programa de Participação nos Resultados (PPRs), além da urgente necessidade de redução da taxa de juros. Um ato nas ruas de Itanhaém também foi realizado para chamar atenção dos trabalhadores para esses temas.
Outro ponto forte do encontro foi a valorização dos coletivos e dos debates temáticos, como os ligados à religiosidade, juventude, tecnologia e outros temas que surgiram dos grupos de discussão. Esses espaços reforçaram a importância da escuta ativa e da construção coletiva de propostas, pilares essenciais para a nova forma de organização sindical que a plenária propõe iniciar.
Mais do que uma plenária, o encontro foi um chamado à ação e à mudança. A principal síntese encaminhada foi clara: é hora de construir uma nova forma de organização e ação sindical, mais conectada com a realidade dos trabalhadores e com as lutas do presente e do futuro.
Erick Silva, presidente da FEM-CUT/SP, destacou a importância da atividade e para participação dos dirigentes sindicais. “A 9ª Plenária Estatutária da FEM-CUT/SP destacou-se como um marco crucial para redefinir e revitalizar o sindicalismo brasileiro, promovendo um modelo mais democrático e participativo que atende às demandas contemporâneas da classe trabalhadora. Nossas dirigentes e nossos dirigentes estão de parabéns pela dedicação que tiveram nesses três de evento, buscando esse novo caminhos que vamos trilhar em prol da categoria e de todos os trabalhadores”.
Para Max Pinho, secretário-geral da entidade, afirmou que a construção da plenária e os encaminhamentos mostram o empenho do movimento sindical em se manter na vanguarda das lutas. “O espírito de inovação e luta do movimento sindical dos metalúrgicos foi evidenciado pela busca de metodologias participativas e pela promoção de debates temáticos que refletem a diversidade e complexidade das demandas atuais da classe trabalhadora. A plenária não apenas questionou o modelo sindical vigente, mas também abriu caminho para construções coletivas e propostas transformadoras, reforçando a importância de um sindicalismo que se renove e se alie às causas contemporâneas com vigor e determinação”.