A Assembleia Geral de Credores (AGC) da Avibras, ocorrida virtualmente nesta terça-feira (13), foi suspensa a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que encontrou pontos prejudiciais aos trabalhadores na proposta apresentada pela Brasil Crédito Gestão Fundo de Investimento e Direitos Creditórios, interessada na aquisição da Avibras. A próxima assembleia ficou agendada para o dia 26, às 12h.
Na proposta questionada pelo Sindicato, a Brasil Crédito não reconhece as obrigações decorrentes de contratos anteriores da Avibras, exceto os salários e as multas por atrasos salariais. Além disso, esse ponto só seria negociado no período de transição para a formação de uma nova empresa, a ser denominada Nova AVB, caso seja confirmada a aquisição da Avibras pela Brasil Crédito.
O Sindicato exige que seja negociado um acordo coletivo antes da aprovação do plano alternativo para retomada da Avibras, que tem de ser submetido à AGC. Por isso, a entidade solicitou a suspensão da assembleia.
A proposta da Brasil Crédito também prevê que os créditos estritamente salariais serão corrigidos e pagos em 48 parcelas mensais. Prevê ainda que as multas trabalhistas sejam convertidas em 10% do capital social da empresa.
“Além de assumir o passivo do contrato anterior, a Brasil Crédito tem de garantir a estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, se retornarem às atividades”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
O pedido de suspensão feito pelo Sindicato foi aprovado pelos trabalhadores, em assembleia virtual ocorrida na segunda-feira (12).
João Brasil
Pela primeira vez nesses três anos de crise, o proprietário da Avibras, João Brasil Carvalho Leite, se reuniu com o Sindicato. A reunião aconteceu um dia antes da assembleia de credores, que também pela primeira vez contou com a participação de João Brasil. O empresário disse que continuam as negociações com o grupo saudita Black Storm Military Industries, que tem interesse em comprar a fábrica brasileira.
Após a AGC, João Brasil enviou ofício a Weller Gonçalves e citou a possibilidade de negociação entre a Black Storm e o Sindicato, nos próximos dias.
“Não confiamos em nada que venha da atual direção da Avibras. Todas as decisões tomadas pelo Sindicato têm o respaldo dos trabalhadores, que participam democraticamente das nossas assembleias. Vamos dar continuidade às negociações e seguiremos lutando para que todos os salários, direitos sejam cumpridos”, conclui Weller.