O 1º de Maio tem sua origem marcada por repressão, sangue e... resistência. Muito antes de se tornar um feriado em vários países, a data foi marcada por uma das mais simbólicas greves da história da classe trabalhadora: a paralisação geral nos Estados Unidos, em 1886, pela jornada de 8 horas de trabalho.
O epicentro da mobilização foi Chicago, cidade industrial que, naquele momento, se transformou em palco de repressão brutal e execução de trabalhadores que hoje são lembrados como os mártires de Chicago.
A greve foi convocada pela Federação Americana do Trabalho e se espalhou por diversas cidades norte-americanas. A cartilha "1° de Maio: dois séculos de lutas operárias”, produzida pelo NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação), resgata o panfleto distribuído na madrugada do dia 30 de abril, que conclamava: “Chegou o dia 1º de maio... O dia da greve geral. A partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de 8 horas por dia. 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso, 8 horas de educação”.
Milhares aderiram à paralisação, enfrentando a repressão do Estado e dos patrões. No dia 1º, piquetes se formaram em fábricas onde a greve ainda não havia iniciado. Dois dias depois, em frente à marcenaria McCormick Harvester, a polícia abriu fogo contra manifestantes, matando sete operários. A resposta veio em forma de um grande comício na Praça Haymarket, no dia 4 de maio.
A manifestação transcorria de forma pacífica, até que uma bomba explodiu entre os policiais — um episódio jamais esclarecido. O estouro da bomba serviu de pretexto para um massacre: dezenas de trabalhadores foram mortos e centenas feridos.
A repressão não parou ali. Oito líderes operários foram presos e condenados em um julgamento marcado por irregularidades. Cinco deles — August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer, Georg Engel e Louis Lingg — foram condenados à morte; quatro foram enforcados, e Lingg se suicidou na prisão. Antes do enforcamento, Spies pronunciou suas palavras finais: “O nosso silêncio será mais poderoso do que as vozes que vocês estrangulam”.
"As últimas palavras de Spies antes do enforcamento, vão estar presentes em todas as lutas operárias do passado, do presente e, com certeza, do futuro", declarou em 2002, o escritor, jornalista e fundador do Núcleo Piratininga, Vitor Giannotti, falecido em 2015.
Anos depois, em 1892, o governo do estado de Illinois reconheceu o erro judicial, anulou o processo e declarou a inocência dos condenados.
A tragédia de Chicago não impediu a vitória moral da classe trabalhadora: em 1891, a Internacional Socialista oficializou o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores, eternizando a memória dos que tombaram exigindo o direito elementar de não morrer de tanto trabalhar.
Hoje, a história dos mártires de Chicago segue viva e, mais do que nunca, precisa ser vista como exemplo: o 1° de Maio não é um dia de “festa” ou para conciliar com patrões e governos.
É uma data que deve ser marcada com independência de classe e luta contra a exploração capitalista.
É com esse caráter que a CSP-Conlutas vai às ruas em defesa das reivindicações imediatas e históricas da classe trabalhadora.