Há exatos seis anos, em 17 de dezembro de 2018, era aprovado pela diretoria da Embraer o acordo de venda da empresa para a Boeing. Na época, o negócio era defendido pela direção da fabricante de aviões brasileira (até hoje no comando da Embraer), mesmo que significasse prejuízos enormes para os trabalhadores e o país.
O acordo era divulgado como uma fusão, que criaria uma joint-venture. Porém, na prática, seria uma aquisição, pois a Boeing teria 80% do capital social e 100% do controle operacional e de gestão da nova empresa.
A Embraer é uma gigante nacional, construída por décadas pelos trabalhadores e com muito investimento público. A venda significaria pôr em risco a soberania nacional e entregar décadas de pesquisa para os estadunidenses. Sendo um péssimo negócio para o Brasil e para a Embraer, a transação só interessava aos acionistas da empresa.
Após o rompimento do acordo, em abril de 2020, a Embraer teve um prejuízo de quase R$ 3 bilhões decorrente do cancelamento da negociação. Apesar disso, a empresa se recuperou e vive uma grande fase, ao contrário do que diziam os entreguistas, que defendiam a venda como a única saída para uma suposta crise.
Entreguistas seguem no comando
Hoje, as ações da Embraer seguem em alta, devido ao grande momento operacional e à alta lucratividade. Porém, a mesma diretoria que queria entregar a empresa segue colhendo os frutos da boa fase, enquanto os trabalhadores têm seus direitos atacados e condições de trabalho cada vez piores.
Desde 2018, a Embraer opera sem uma convenção coletiva assinada. As convenções são instrumentos de defesa do trabalhador, assinadas para garantir direitos que vão além dos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
30 anos da privatização
Dezembro de 2024 também marca 30 anos da privatização da Embraer, uma medida que o Sindicato dos Metalúrgicos e uma vanguarda política atenta aos interesses nacionais combateu com todas as forças.
A mobilização do Sindicato e dos trabalhadores começou em 1990 e, por um longo tempo, adiou a venda da empresa. A Embraer esteve na lista de privatizáveis desde o início do governo Collor, quando foi aprofundado o processo de sucateamento.
“O governo cortou a zero o financiamento do BNDES para a Embraer, afetando profundamente a sua situação financeira. Em todo o mundo, governos financiam sua indústria de aviação. A ação contra a Embraer foi criminosa para privatizá-la”, afirma Ernesto Gradella, que no período era deputado federal e participou da mobilização.
Em março de 1993, um ato reuniu 15 mil pessoas, na Avenida Fundo do Vale, com a presença da cantora Elba Ramalho. O tema foi “Embraer, sim. Privatização, não!”.
Mas, indo contra os interesses dos brasileiros, o presidente Itamar Franco (1930 - 2011) privatizou a Embraer, em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, no dia 7 de dezembro de 1994.
Antes da venda, o Comitê em Defesa da Embraer, formado por sindicatos e entidades de classe, contratou uma consultoria para avaliar a viabilidade da empresa. O estudo apontou que o mercado de aviação se recuperaria em poucos anos e apresentou alternativas.
Os fatos mostraram, anos depois, que o estudo estava correto.
Ainda hoje, o Sindicato se mantém na defesa da reestatização como única forma de salvar esse patrimônio dos brasileiros.