Artigo - And Just Like That. uma mensagem de liberdade para mulheres e homens

Uma mulher acorda em sua casa e abre a geladeira. Percebe, vagamente aborrecida, que seu iogurte foi devorado pela amiga com quem divide temporariamente o apartamento. Em seguida, as duas partilham a única banana disponível. Esse é o café da manhã delas.

O despojamento com a casa, com a comida e a coabitação poderiam remeter a universitárias de vinte e poucos anos. Mas as protagonistas da cena estão na casa dos sessenta. E não há nada de estranho nisso.

A série And Just Like That… normaliza o frescor, a atividade social e profissional, o humor e a diversão — independentemente da idade.

Desde o fim da década de 1990, Carrie Bradshaw é uma grande referência. Não só para mim, mas para mulheres de várias gerações. Sua trajetória como escritora em Manhattan começou em 1998, com a estreia da primeira temporada de Sex and the City na HBO.

Vivíamos ainda os primórdios da era das grandes séries. Família Soprano é de 1999, 24 Horas de 2001, House de 2004 e Mad Men de 2007. Ou seja, quando a turma de Bradshaw chegou, tudo era mato. E a série logo conquistou o público ao apresentar um estilo de vida descontraído, autêntico e interessante para mulheres adultas.

Quando a série chegou ao fim, em 2008, e foi lançado o filme, escrevi um texto dizendo:

“Ao mesmo tempo em que o filme nos embala nesta fábula de cores e emancipação, ele impinge a essência da teoria do livre mercado. A série é uma vitrine do liberalismo em seu grau mais avançado. A liberdade da mulher se traduz em liberdade de mercado e em supremacia do capital. Perante o dinheiro, todos somos iguais.”

Sim, há isso. Mas há também muito mais.

Carrie, Miranda e Charlotte transmitem uma mensagem poderosa sobre a vida adulta — para mulheres e homens. Uma mensagem sobre ignorar papéis pré-determinados. Sobre rejeitar tanto a síndrome da Cinderela quanto a do Peter Pan.

A série é conhecida como referência de moda — e de fato, as personagens ostentam marcas de luxo. Mas isso não é o mais importante. Se fosse, não manteria sua força e relevância por 27 anos.

O mais marcante em Sex and the City e em And Just Like That… é a paixão pela vida nas grandes cidades e pelo tempo presente. É, enfim, a capacidade de seguir o ritmo — qualquer que seja sua idade.

Lançada em 2021, And Just Like That… foi criada por Michael Patrick King, Julie Rottenberg, Elisa Zuritsky.

Está na terceira temporada com episódios de cerca de 45 minutos. Está disponível na HBO Max.


Carolina Maria Ruy
Pesquisadora, jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical.

 

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