Mais uma vez os aposentados e os trabalhadores vão pagar uma conta que não é deles. Diminuir o ritmo de reajuste do salário mínimo, fazer pente-fino no BPC e reduzir o acesso ao abono salarial são medidas que têm efeito imediato para os mais pobres e ampliam a desigualdade social. E essas foram as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Atualmente, o salário mínimo é corrigido pela inflação do ano anterior pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com a mudança, haverá um teto que limitará o crescimento do salário mínimo a 2,5% acima da inflação.
Para se ter uma ideia, com as regras atuais, o salário mínimo e a aposentadoria de quem ganha esse piso nacional teve reajuste acima da inflação, foi de 6,97%. Se as regras anunciadas por Haddad estivessem valendo, o aumento real não passaria de 2,5%. Assim, o aposentado que recebe o salário mínimo teria, neste ano, reajuste 4,47 pontos percentuais a menos.
E o mesmo se aplica em 2025. Caso a decisão seja mantida, o salário mínimo em 2025 será de R$ 1.515,00, ou 7,29% (somados a inflação do ano mais a variação do PIB de 2023, que foi de 2,9%, mas agora fica limitada a 2,5%). Pelas regras atuais o mínimo seria de R$ 1.521,00, pois a alta projetada está em 7,71%. Assim, aposentados e trabalhadores receberão R$ 6,00 a menos por mês.
Os números não mentem. No momento em que o Sindnapi luta pela recomposição do poder aquisitivo de benefícios de todos os aposentados e pensionistas, que viram seus ganhos minguarem nos últimos anos, não podemos concordar com uma medida que coloca no colo deles a responsabilidade de garantir uma política que limita os gastos do governo apenas para atender aos interesses do mercado financeiro.