Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) irão deflagrar greve até a próxima sexta-feira (29).
A decisão ocorreu após Assembleia Geral realizada na tarde de segunda-feira (25).
A data do início da greve, a princípio, será nesta quinta-feira (28). Porém, de acordo com o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat), Reginaldo Araújo, a data pode ser alterada, em razão da notificação que deverá ser enviada à universidade.
"A princípio, definimos pela paralisação começar na quinta. Porém, devemos comunicar a UFMT sobre essa decisão e essa notificação precisa ser feita com uma antecedência de 72 horas. Por isso, talvez a greve só possa ter início na sexta (29)", disse Araújo.
Na Assembleia, 80 docentes votaram a favor do início da greve e 56 foram contrários ao movimento. Com a greve, aproximadamente 22 mil alunos ficarão sem aulas.
Até o momento, a greve está confirmada para os campi de Cuiabá, Sinop e Barra do Garças. Outros demais campi do Estado também poderão aderir ao movimento.
Em razão do calendário nacional de paralisação, a deliberação, que ocorreria no dia 29, foi adiantada.
Diversas universidades federais definiram pela greve no final deste mês.
O último movimento grevista da UFMT ocorreu em 2012 e durou quatro meses. A nova paralisação ocorrerá por tempo indeterminado.
Conforme o presidente da Adufmat, é permitido que os professores possam dar aulas na universidade mesmo no período de greve. Porém, ele afirma que tal atitude enfraquece o movimento grevista.
Para evitar contratempos referentes a dissidentes, a associação dos docentes criou um "comando de greve", para auxiliar os professores sobre assuntos referentes ao movimento.
Calendário adequado
O calendário da Instituição se adequou neste ano às datas corretas de um período letivo, pois ainda estava recuperando o tempo em que a universidade ficou paralisada em 2012, na greve que durou 126 dias.
Conforme a classe, os benefícios solicitados na última paralisação não foram plenamente conquistados.
“A situação das universidades ficou ‘menos pior’, mas sem grandes mudanças, depois da última greve”, disse o presidente da Adufmat.
Reivindicações
Dentre as atuais reivindicações feitas pelos docentes estão melhores condições salariais a professores aposentados e em exercício, o projeto de terceirização do trabalho, a redução no custo da Previdência Social e a perda de 31% do orçamento da educação no Brasil.
O indicativo de paralisação foi assinado pela classe em abril e novas reuniões foram feitas neste mês para definir sobre a greve.
Ao longo de maio, a Adufmat realizou paralisações das atividades na universidade, em razão de ações que foram feitas pela classe para reiterar a insatisfação com medidas adotadas pelo Governo Federal.
Conforme a Adufmat, as condições salariais, de trabalho e a atual situação da verba destinada à educação foram itens preponderantes para que a data fosse definida.
Apesar de o plano salarial para este ano estar finalizado, os docentes pretendem conquistar benefícios financeiros para 2016.
A partir do ano que vem, a classe cobrará reajuste de 27% para todas as categorias e remunerações semelhantes entre os professores aposentados e os que ainda estão em exercício.
Os assuntos específicos das instituições públicas federais são debatidos no Sindicato Nacional (ANDES-SN), que representa todas as unidades do país.
Somente após a avaliação nacional entre todas as universidades será encaminhada a decisão final sobre a greve.
Mais reivindicações da classe
Além das condições salariais e a qualidade de trabalho dos professores, pautas referentes ao trabalho, benefícios concedidos a professores e o corte de verba na educação também abarcam as reclamações dos docentes.
O corte de verba na educação é um dos itens que será reivindicado pelos docentes, que não concordam com a medida.
Neste ano houve corte de quase R$ 600 milhões nos gastos discricionários (não obrigatórios) com Educação. A pasta teve o maior contingenciamento das chamadas despesas de custeio nos 39 ministérios do governo.
No dia 22 de maio, o Governo Federal anunciou novos cortes de orçamento. Na Educação, o contingenciamento totalizou R$ 9,423 bilhões.
Terceirização
O projeto de terceirização também é uma das pautas de reclamações da classe, que é contra o decreto. O Projeto de Lei (PL) 4.330, aprovado na Câmara dos Deputados e em análise no Senado, permite a contratação de trabalhadores por meio de empresas terceirizadas em todas as atividades, inclusive nas áreas fim.
Outro ponto de discordância são as Medidas Provisórias 664 e 665, assinada em 30 de dezembro de 2014. As duas medidas objetivam a redução de custo da Previdência Social com ônus para os segurados. Tais decretos alteraram itens referentes à pensão por morte e afastamentos por motivo de doença.