O Sindicato dos Químicos do ABC fez um ato ontem em frente à indústria petroquímica Oxiteno, em Mauá, para protestar, por causa de série de acidentes na empresa desde o fim do ano passado, entre eles um no dia 26 de abril que resultou na morte do trabalhador Danilo Cantalice, 32 anos.

De acordo com funcionários, ao terminar de descarregar uma carreta de fenol (matéria-prima para a produção de desinfetantes e detergentes), o produto espirrou nele, ocasionando queimaduras no tórax e no rosto, apesar do uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Cantalice chegou a ser socorrido, teve uma parada respiratória no hospital e foi reanimado, e apesar de sinalizar melhoras ao longo da semana, não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral no sábado.

Segundo o coordenador da regional Santo André do sindicato, Paulo José dos Santos, o Paulão, desde dezembro ocorreram cinco acidentes graves. Ele conta que, dois dias antes desse que levou à morte do trabalhador, um tambor com produtos químicos explodiu perto de dois funcionários, e um deles ainda se encontra internado.

Paulão cita que os acidentes se intensificaram depois que a companhia mudou, no fim do ano passado, o horário de refeições, de meia hora para uma hora. “Como é um processo contínuo, como a empresa não contratou ninguém nesse período, há sobrecarga para quem fica trabalhando (enquanto outros vão almoçar)”, diz.

A alteração, ainda de acordo com o dirigente, dispensa a necessidade de pagar 32,5% de adicional pela meia hora de almoço, prevista pela lei 5.811 de 1972. A entidade planeja nova manifestação, com paralisação da empresa, nos próximos dias, com o apoio de sindicatos de empregados de unidade da indústria química na Bahia.

O sindicato informou que entrou com pedido de fiscalização da empresa na Gerência Regional do Trabalho e Emprego.

OUTRO LADO - A Oxiteno informa que, no momento do acidente, o funcionário Danilo Cantalice foi atendido prontamente pelo serviço de resgate e encaminhado ao Hospital Brasil, em Santo André.

Comunicou ainda que está prestando todo o apoio necessário à família do trabalhador, e está colaborando com as autoridades competentes para que as causas do acidente sejam apuradas.

A companhia reforça que segue as melhores práticas de saúde, segurança e meio ambiente em todas as unidades e é reconhecida, mundialmente, pelos níveis de excelência na gestão dessas áreas.

Além disso, a petroquímica ressalta que cumpre rigorosamente todas as determinações da legislação trabalhista vigente, e que sempre manteve diálogo de mútua colaboração com seus empregados e com os sindicatos da categoria.