Notícia - Com medo, borracheiros se reúnem com sindicato

Temendo demissões após o anúncio de que a Pirelli será vendida para o grupo chinês ChemChina (China National Chemical Corp), funcionários se reuniram na tarde de ontem com diretores do Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo e Região. Os sindicalistas estiveram na porta da fábrica de Santo André e disseram que aguardam informações oficiais sobre os desdobramentos da transação, avaliada em US$ 7,7 bilhões (equivalente R$ 24,6 bilhões).

“O pessoal está apreensivo, pois ninguém sabe o que vai acontecer depois que a venda se concretizar. O grande medo é de que a tecnologia e a produção sejam transferidas para a China, onde a mão de obra é muito mais barata do que a daqui”, explica o presidente do sindicato, Marcio Ferreira. A unidade andreense da Pirelli tem cerca de 2.500 empregados.

Segundo o sindicalista, dirigentes da empresa garantem que não há o risco de fechamento da planta na região. “Mesmo assim, foram poucas informações passadas pela matriz (na Itália) para o Brasil. O que a direção daqui sabe é a mesma coisa que a gente”, lamenta Ferreira. Nova reunião com os funcionários deverá ser feita na semana que vem, provavelmente na quarta-feira, a fim de detalhar mais a negociação e seus possíveis impactos.

No dia em que o Diário publicou reportagem sobre o receio dos operários em relação aos seus empregos, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), agendou conferência por telefone com o presidente da Pirelli para a América Latina, Paolo Dal Pino, que será realizada hoje. “Nós o procuramos para que ele passe o quadro dos impactos da compra pelo grupo chinês. É claro que é uma empresa da iniciativa privada, que tem sua autonomia, mas eu acho que é correto o município pelo menos saber quais são as perspectivas.”

Outro fator que preocupa é a queda no desempenho do setor no primeiro bimestre deste ano na comparação com os dois primeiros meses de 2014. Dados da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneus) divulgados na semana passada revelam que as vendas do item em todo o País tiveram queda de 19,4% em 12 meses.

Nos dias 11 e 12, dirigentes sindicais definirão pauta unificada de reivindicações para campanha salarial 2015. Diante da crise, Ferreira considera mais difícil a chance de os trabalhadores obterem alta real. “Esperamos a reposição da inflação, que, até junho, deve chegar entre 9,5% e 10,5%.”


Fonte:  Fábio Munhoz/Diário do Grande ABC - 27/03/2015


Comentários

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.