Notícia - Crise na Petrobras já registra 20 mil trabalhadores demitidos, diz Força

Segundo o sindicalista Miguel Torres, o número pode subir para 25 mil nos próximos meses. Estaleiros e obras de refinarias concentram o maior número de demissões, que já afeta a cadeia

A crise na Petrobras gerou cerca de 20 mil demissões, mas o número de pessoas que ficará sem emprego no curto prazo pode chegar a 25 mil. A avaliação é do presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

A maior parte das demissões ocorreu nos canteiros de obras de Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em Suape (PE), onde 4,6 mil trabalhadores ficaram emprego e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) onde cerca de 4 mil trabalhadores foram demitidos, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Manutenção e Montagem Industrial do Município de Itaboraí (Sintramon).

De acordo com Torres, o número de demitidos pode aumentar no curto prazo com o desligamento de pelo outros 4 mil funcionários da Comperj que estão com salários atrasados. "É provável que esses trabalhadores também sejam despedidos nos próximos meses", afirmou.

A Alumini, empreiteira contratada pela Petrobras para realizar parte das duas obras, atribuiu as demissões na Rnest a não liberação de aditivos referentes a serviços já executados que somam mais de R$ 1,2 bilhão.

Sem esses recursos, a Alumini alega que ficou sem caixa para dar pagar os funcionários e seguir com as obras da Rnest. Sem salário, os funcionários pediram e conquistaram rescisão contratual na justiça que determinou o bloqueio das contas da empresa para o pagamento desses trabalhadores. Isso motivou um pedido de recuperação judicial que ainda tramita na justiça.

"Após o deferimento do pedido [de recuperação judicial], a Alumini estava pronta para retomar os trabalhos no Comperj, assegurando os pagamentos dos salários e benefícios, mas um dia antes da celebração do acordo, a Petrobras acabou rompendo o contrato unilateralmente", esclareceu a empreiteira em nota.

Ainda conforme a empresa, nas obras do Comperj foram demitidos 469 trabalhadores. Os desligamentos "já estavam na programação normal de desmobilização em virtude do avanço das obras".

Outro segmento que tem sido bastante afetado pela crise na Petrobras é o da indústria naval que produz plataformas e sondas para a estatal. Pelo menos 1,5 mil funcionários que estão construindo o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), em Maragojipe, na Bahia, foram demitidos desde novembro do ano passado. Outros 600 trabalhadores serão desligados até o fim do mês.

Em nota, o diretor de relações institucionais e de sustentabilidade da Enseada Indústria Naval, Humberto Rangel, atribuiu as demissões ao "atual momento delicado da indústria naval brasileira". O consórcio é responsável pelas obras do estaleiro na Bahia.

"Neste momento, as obras seguem em ritmo lento, à espera de uma solução para o atual impasse sobre o financiamento do setor", completou.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio), Alex Santos, acredita que a crise da Petrobras reduziu os pedidos dos estaleiros nacionais.

Um dos temores é que metade dos quase 7 mil funcionários da Enseada Inhaúma, que também pertence a Enseada Indústria Naval, fiquem sem emprego depois de setembro quando está prevista a conclusão da montagem da plataforma P-74. "Outras três encomendas (P-75, P-76, P-77) foram transferidas para a China e depois de concluir a P-74 não há nenhum novo pedido", afirmou Alex Santos.

De acordo com o sindicalista cerca de 7 mil funcionários já foram demitidos de diversos estaleiros pelo país desde o meio do ano passado. "A situação é muito preocupante. Para os trabalhadores a luz já está vermelha e não mais amarela". Segundo Santos podem ocorrer novas demissões nos estaleiros Promar e Atlântico Sul.

Cadeia de fornecimento

As demissões já estão atingindo os fornecedores de fornecedores da Petrobras. Segundo o DCI apurou, uma empresa responsável por fornecer alimentação para os trabalhadores do Comperj demitiu grande números de funcionários que atendiam a obra.

De acordo com fontes, os funcionários demitidos fizeram ontem (23) uma manifestação na sede administrativa da empresa, no Rio de Janeiro. O motivo era a falta de pagamento das rescisões trabalhista. A empresa presta serviços para a Alumini e mais dois estaleiros, que estariam perto de anunciar novas demissões.


Fonte:  DCI - 24/02/2015


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