Os pouco mais de dois milhões de usuários do transporte público enfrentam o segundo dia de greve em Curitiba e Região Metropolitana nesta terça-feira (27). A paralisação começou na madrugada de segunda-feira (26) e não tem previsão para encerrar. Cerca de 12 mil motoristas e cobradores reclamam de atrasos constantes nos pagamentos referentes ao adiantamento salarial. Segundo eles, o problema com os atrasos ocorre desde dezembro de 2012.
Na noite de segunda, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) determinou que a categoria retorne ao trabalho a partir da meia-noite desta terça-feira com parte da frota em horários de pico. Contudo, até as 6h não havia ônibus nas ruas e nos terminais.
Neste mesmo horário, o Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) informou ao G1 que está orientando os trabalhadores para o cumprimento da decisão judicial, mas que nem todos aceitam a determinação. Em algumas empresas, pneus foram esvaziados para impedir que os ônibus saíssem das garagens.
Nesta terça, uma nova audiência marcada para às 14h30 no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) deve definir os rumos da paralisação.
Conforme o desembargador Eduardo Gunther, as empresas e os trabalhadores devem manter 70% da frota rodando nos horários de pico e 50% nos demais horários. Os horários de pico são das 5h às 9h e das 17h às 20h.
O atraso nos pagamentos, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), ocorre devido a um impasse entre a Urbanização de Curitiba (Urbs) e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec).
A audiência, que começou por volta das 17h e durou três horas e meia, contou com a presença do sindicato dos trabalhadores, do sindicato das empresas, da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e da Urbs, autarquia municipal que gerencia o sistema.
O adiantamento salarial é conhecido pelos funcionários como "vale". Segundo a categoria, o percentual de 40% do valor do salário não foi pago integralmente. Atualmente, os salários de cobradores e motoristas de ônibus são, respectivamente: R$ 1028,11 e R$ 1814,94.
Negociação
A decisão de colocar o percentual mínimo de ônibus nas ruas foi anunciada pelo Sindimoc em audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A multa por dia de descumprimento foi aumentada pela Justiça de R$ 50 mil para R$ 300 mil.
O impasse envolve ainda a decisão da Prefeitura de Curitiba de cuidar apenas do pagamento das linhas urbanas, conforme definido em licitação de 2010, realizada pelo então prefeito Beto Richa (PSDB), e que o governo do estado deve se responsabilizar pelo pagamento das empresas metropolitanas.
Já o governo estadual alega que tem procurado a prefeitura para negociar a readequação e renovação do convênio que permite a Urbs gerir transporte coletivo. Segundo o governo, o subsídio ao transporte metropolitano deve ser menor do que o estipulado pelo convênio que vencer em dezembro.
Transporte alternativo
A Prefeitura de Curitiba mantém nesta terça os 200 carros oficiais que realizam transporte de passageiros gratuitamente. Além deles, mais de 500 carros particulares foram cadastrados para prestar o mesmo serviço, mas com custo de R$ 6.
O cadastramento será realizado na Área de Inspeção e Cadastro da Urbs, localizada na ponta interna da Rodoferroviária de Curitiba, e os veículos cadastrados têm autorização da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) para usar as canaletas do sistema expresso durante a paralisação. A Rodoferroviária fica na Avenida Presidente Affonso Camargo, 330 - Jardim Botânico.