O secretário das Cidades de Pernambuco, Evandro Avelar, afirmou que "a tarifa não tem nada a ver com reajuste de salário de motoristas". A declaração foi dada em entrevista ao NETV 1ª edição desta sexta-feira (29), após ser questionado sobre o que o governo do estado poderia fazer para que os trabalhadores não sejam mais prejudicados, caso haja novas paralisações.

Na manhã desta sexta, os ônibus ficaram quatro horas sem ciruclar pelas ruas do Grande Recife. Quando retornaram, houve correria e empurra-empurra no Terminal Integrado da Joana Bezerra. "O governo separou claramente para a população o acordo, a negocição de patrão e empregado, da questão dos ajustes tarifários. Isso era uma questão que se misturava, nós separamos isso claramente para a população entender que uma coisa não tem a ver com a outra", ponderou Avelar.

O secretário afirma que o governo convocou ainda o sindicato dos empresários de ônibus, o Urbana-PE, a cumprir a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que prevê aumento de 10% nos salários e 6% para o tíquete alimentação. "Nós respeitamos a livre negociação. Patrões e empregados se reuniram, discutiram e não chegaram a um entendimento. A Justiça do Trabalho já julgou, recorreram para o TST, que tomou uma decisão. Essa decisão tem que ser cumprida. Nós convocamos o Urbana, o sindicato dos operadores, eles vão cumprir a determinação do TST. Isso será feito inclusive de forma retroativa, fazendo com que a lei seja respeitada", aponta.

Foi feito ainda um apelo ao Sindicato dos Rodoviários, para que cumpram a lei e não façam novas paralisaçãoes, que, segundo o secretário,  "antes eram justificadas". "Nós apelamos aos motoristas para que eles cumpram a decisão judicial e aguardem o julgamento final do Tribunal Superior do Trabalho, não prejudicando a população. A população não pode ser prejudicada. Em última análise, se a paralisação for decretada ilegal, vamos fazer com que a operação se dê", garantiu Avelar.

Rodoviários

O secretário geral do Sindicato dos Rodoviários, Josival Costa, informou que não haverá paralisação na tarde desta sexta, com a categoria trabalhando normalmente no horário da volta para casa. "Por enquanto, não temos nenhuma paralisação prevista. Vamos aguardar até o dia 5 [de setembro, sexta], para ver se as nossas reinvindicações são atendidas", aponta Costa.

Caso não haja nenhuma mudança na decisão do TST, no sábado (6) deve haver uma assembleia para decidir se farão uma nova paralisação no dia 8, uma segunda-feira.

CBTU

A CBTU informou que há quatro trens de reserva, dois para a Linha Sul e dois para a Linha Centro, à disposição. Os trens só serão usados se houver uma demanda de passageiros. Por precaução, o horário de pico foi estendido em uma hora. Vai das 17h às 21h, nesta sexta. Esse horário vai funcionar hoje, tendo paralisação de ônibus ou não.

Entenda a disputa judicial

Os motoristas, cobradores e fiscais do Grande Recife entraram em greve no dia 28 de julho, após não conseguirem acordo com o sindicato patronal, o Urbana-PE. Após três dias de paralisação, no dia 30 de julho, o julgamento do dissídio coletivo realizado no TRT-PE determinou um reajuste de 10% no salário e de 75% no tíquete alimentação da categoria.

No dia 21 de agosto, veio a público a decisão do presidente do TST, ministro Barros Levenhagen, que suspendeu, temporariamente, o aumento determinado para os rodoviários. Em decisão monocrática, o ministro considerou o pedido da Urbana-PE e determinou o aumento de 6%, tanto no salário quanto no tíquete, até que o recurso seja julgado na sessão de dissídios do TST.

Diante do novo quadro, a categoria cruzou os braços na sexta-feira (22), em paralisação que afetou grande parte do serviço de ônibus na Região Metropolitana. Na segunda-feira (25), em novo protesto, os ônibus não circularam entre 4h e 9h.

Em nova decisão liminar publicada na terça-feira (26),  o presidente do TST voltou atrás e acatou a decisão do TRT, em relação aos 10% de reajuste salarial aos motoristas, fiscais e cobradores de ônibus do Grande Recife, até pronunciamento definitivo da Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST. O ministro reconsiderou parcialmente o efeito suspensivo concedido ao recurso da Urbana-PE. O aumento dos tíquetes alimentação ficou em 6%.