Os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos aprovaram a proposta de lay-off apresentada pela montadora. A aprovação foi feita em duas assembleias conduzidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, nesta terça-feira, dia 26, com os trabalhadores de todos os turnos. Hoje, os metalúrgicos também realizaram uma assembleia geral em que foi definido o plano de mobilizações pela Campanha Salarial da categoria.
A GM pode suspender o contrato de trabalho de até 930 funcionários, por cinco meses, entre 8 de setembro e 7 de fevereiro de 2015. Após esse período, eles retornarão ao trabalho e terão seis meses de garantia de emprego.
Inicialmente, a empresa havia afirmado que colocaria 968 trabalhadores em lay-off e garantiria a permanência no emprego por cinco meses. A alteração foi resultado das reivindicações do Sindicato para que um menor número de trabalhadores entrasse em lay-off e que fosse estendido o tempo de estabilidade.
Atualmente, a montadora possui 5.350 funcionários na planta local e produz os modelos Trailblazer e S10, além de motores, transmissões e CKD (kits para exportação).
Durante o período de suspensão do contrato, parte dos salários é paga pelo governo federal, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Os trabalhadores em lay-off também terão direito a receber a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e às conquistas da Campanha Salarial 2014.
Sindicato cobra estabilidade no emprego e redução da jornadaO lay-off acontece mesmo após o setor automotivo ter recebido incentivos fiscais do governo federal, como as repetidas prorrogações da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis.
O Sindicato dos Metalúrgicos já reivindicou à presidente Dilma Rousseff (PT) a assinatura de uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para todos os trabalhadores de empresas que recebem incentivos fiscais. O Sindicato defende também a redução da jornada para 36 horas semanais como forma de preservação dos postos de trabalho.
“Em todo o setor automotivo, estão acontecendo demissões, lay-off e férias coletivas. Mas, ao mesmo tempo, as montadoras não param de enviar seus lucros para as matrizes no exterior. Ou seja, a indústria continua com seus lucros e, ainda assim, quer penalizar a classe trabalhadora. O governo federal tem de assumir um compromisso com os trabalhadores, garantir a estabilidade no emprego e pressionar todas as montadoras para que cumpram o compromisso de não demitir”, afirma o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.
Investimentos
Nas assembleias, os trabalhadores da GM também decidiram cobrar da montadora o cumprimento do acordo assinado em janeiro de 2013, em que a empresa se compromete a priorizar a fábrica de São José dos Campos no caso de trazer novos investimentos para o Brasil.No último dia 14, a CEO da General Motors, Mary Barra, afirmou que a montadora investirá R$ 6,5 bilhões no Brasil. O presidente da GM na América do Sul, Jaime Ardilla, entretanto, afirmou publicamente que a planta de São José dos Campos não está incluída nesses planos.
Campanha Salarial
Os metalúrgicos também realizaram uma assembleia geral, na manhã desta terça-feira, em que foi aprovado o início das mobilizações da categoria pela Campanha Salarial 2014. Até agora, os empresários não apresentaram propostas de reajustes. Uma nova assembleia acontecerá às 18h.Os trabalhadores reivindicam reajuste de 12,98%, jornada de 36 horas semanais, piso do Dieese (R$ 2,9 mil em julho), estabilidade no emprego, entre outros.
A Campanha Salarial é unificada entre os Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Santos, que juntos reúnem cerca de 157 mil trabalhadores.
Nesta terça-feira, também aconteceram assembleias nas fábricas, como na Honda (Sumaré), Mercedes-Benz (Campinas) e Wirex Cable (Santa Branca).
As negociações estão acontecendo desde julho com os grupos patronais, mas ainda não houve avanços. Os grupos dividem-se em montadoras, autopeças, aeronáutico, eletroeletrônicos e máquinas, fundição, estamparia e trefilação/refrigeração.
A data-base dos metalúrgicos é 1º de setembro. Entre as principais empresas do setor na região estão General Motors, Embraer, Chery, Avibras, Hitachi e TI Automotive.