O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Botucatu e Região (Sinticombtu) e Duratex divergem em relação à greve anunciada pela categoria na semana passada. Enquanto a entidade afirma que a paralisação das atividades na fábrica de Botucatu (100 quilômetros de Bauru) completou ontem dois dias, a empresa diz que 100% dos funcionários estão trabalhando.
A greve foi anunciada depois que os trabalhadores, em duas assembleias, recusaram a proposta da Duratex de 6,06% de reajuste nos salários com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos doze meses e redução do desconto das consultas do Pronto Atendimento em folha de pagamento de R$ 18,00 para R$ 11,32.
Na pauta de negociação, o sindicato reivindicava, entre outros benefícios, aumento real de 1,5% nos salários, reajuste de acordo com o INPC e vale alimentação de R$ 150,00. Sem acordo, a categoria decidiu paralisar as atividades após notificar a empresa e aguardar o prazo legal. A greve, segundo o sindicato, começou no domingo, às 6h.
Durante todo o dia, representantes da entidade permaneceram na porta da fábrica para orientar funcionários e levá-los de volta de ônibus até as suas residências. O sindicato alega que a Duratex, na tentativa de desestabilizar o movimento, fretou um helicóptero de empresa de táxi-aéreo para transportar os trabalhadores até o interior do prédio.
“A empresa está transportando cerca de 70 a 80 funcionários de helicóptero, porém, não quer sentar para negociar”, disse o presidente da entidade, Anderson Inácio da Silva. “A Duratex alega que está em crise e dificuldade financeira, mas tem condições de buscar o trabalhador na casa dele para vir trabalhar de helicóptero?”.
Ontem, de acordo com o sindicato, a paralisação continuou. “O sindicato apurou junto aos trabalhadores que a Duratex está ameaçando funcionários, indo até suas residências e mandando que eles levem mala com roupas para o trabalho, já que deverão 30 horas à disposição da empresa, dentro das dependências da fábrica, sem poderem ir para casa”, declara. “A empresa também mudou os horários de entradas e saídas dos turnos para evitar que os trabalhadores participem das assembleias com o sindicato na porta da fábrica”. A fábrica da Duratex em Botucatu tem 720 funcionários e é uma das maiores unidades do grupo.
A Duratex diz que as operações de sua fábrica seguem normalmente e que 100% dos colaboradores estão trabalhando. “Dessa forma, temos um movimento do sindicato, sem adesão dos profissionais. Além disso, ressaltamos que estamos sempre abertos às negociações, seguindo premissas da transparência e da boa governança, fornecendo, constantemente, informações para colaboradores e comunidade”, informa.
A empresa confirma que fretou helicóptero para garantir que os funcionários entrassem na fábrica. “Esclarecemos que, devido à complexidade do processo produtivo, existem funções fundamentais para a segurança da fábrica. Dessa forma, para garantirmos a integridade dos colaboradores, foi providenciado meios de transporte para o interior da unidade”, justifica. A empresa alega que respeita o direito de manifestação pacífica e mantém relacionamento “sadio” com o Sindicato da Construção Civil e Mobiliário. de Botucatu.