Notícia - 70% das escolas estaduais do Paraná aderiram à greve, diz sindicato

Cerca de 70% das escolas da rede pública estadual de ensino do Paraná paralisaram as atividades nesta quarta-feira (23), de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato). Centenas de professores e funcionários estão reunidos em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, em Curitiba, desde o início desta manhã, quando foi deflagrada a greve da categoria. “Mesmo nas escolas que estão abertas há protesto de greve. Em algumas regiões do estado, a adesão é de 100%. A perspectiva é de que amanhã a mobilização aumente ainda mais”, afirmou ao G1 a presidente do APP-Sindicato, Marlei Fernandes.

Às 13h, a Secretaria de Estado de Educação divulgou que o levantamento feito pelos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná apontou que apenas 22,34% das escolas estaduais paralisaram totalmente as atividades nesta quarta-feira. Segundo a pasta, as escolas estaduais devem ficar abertas para receber os alunos. Aproximadamente 24% dos colégios funcionaram normalmente no período da manhã, enquanto 53,5% das unidades da rede estadual tiveram atendimento parcial.

Na rede pública estadual são 2.149 escolas, 1.366.251 alunos matriculados e 73.595 professores e pedagogos, conforme a secretaria.

Segundo o sindicato, decisão foi motivada pela demora do governo em responder às demandas consideradas urgentes pela categoria, como um novo modelo de atendimento à saúde, pela não implementação dos 33% de hora-atividade para o magistério no início do ano letivo de 2014 e pelos descontos no auxílio-transporte.

“Movimento demonstra a força e a união da categoria. Nossa pauta é justa e correta, já tem precisão de lei. Quem interrompeu nesse momento as negociações foi o governo do estado. Há um ano esperamos que o governo pague progressões e promoções de carreira. Categoria avaliou que a greve por tempo indeterminado era necessária para que o governo atendesse as reivindicações”, explica Marlei.

A presidente do APP-Sindicato ainda diz que a paralisação não traz prejuízos aos estudantes e que um calendário para reposição de aula e conteúdo será feito quando a greve acabar. “Muitos alunos estão presentes [na mobilização desta quarta-feira]. Eles entendem a nossa luta. A luta deles é a nossa: uma escola pública de qualidade. O professor precisa ser valorizado. Temos apoio muito grande dos alunos”, afirma.

Os educadores também cobram a implantação do Piso Nacional para o professor (mínimo de 8,32%), o reajuste no mesmo índice do Piso Regional (7,34%) para os funcionários de escolas, o pagamento das promoções e progressões em atraso, o fim do corte do auxílio transporte para os afastados por licença médica e melhoria do contrato de Processo Seletivo Simplificado (PSS).

Em nota divulgada nesta quarta-feira, o Governo do Paraná afirma fazer "todo o esforço para cumprir com uma agenda junto aos professores e aos servidores da Educação, fazendo com que a valorização aconteça, tanto na questão salarial, quanto na jornada de trabalho".

Norte e Noroeste

Em Londrina, no norte do estado, apenas quatro dos 73 colégios paralisaram totalmente as atividades, segundo o Núcleo Regional de Educação. Os outros atendem de forma parcial. A cidade tem 53 mil alunos matriculados. O Núcleo não soube precisar quantos professores aderiram a paralisação. Nos municípios da região, dos 43 colégios, oito atendem de forma parcial.

Em Paranavaí, pelo menos 70% dos professores aderiram à greve estadual, segundo o Sindicato dos Professores. Na tarde de terça-feira (22), um carro de som passou nas principais ruas da cidade informando sobre a paralisação e pedindo para os alunos não irem para aula. Na manhã desta quarta-feira, professores paralisados distribuíram panfletos em frente às escolas para pais e alunos. A greve deve afetar a rotina de 10.513 alunos. O Núcleo Regional de Educação de Paranavaí concentra seis mil professores.

Em Umuarama, segundo o APP-Sindicato, algumas escolas ainda terão aula normalmente até sexta-feira (25) quando termina o período de recuperação para alguns alunos. Em Cianorte, cerca de 80% dos professores aderiram à paralisação. Já em Campo Mourão, de acordo com o Núcleo Regional de Educação, cerca de 10 mil alunos foram afetados. Os professores se reuniram em frente ao sindicato da categoria.

Sul e Campos Gerais

Em Ponta Grossa, 20% dos professores foram para as salas de aula nesta quarta-feira, segundo o Núcleo Regional de Educação. A cidade tem três mil professores, 33.344 aluno e 47 escolas estaduais, além de três Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebjas). Porém, apenas 6% das escolas aderiram totalmente ao movimento.

Segundo o Núcleo, as escolas estão de portas abertas. Se o professor estiver em sala de aula e o aluno não for, ele levará falta. Além de Ponta Grossa, 64 escolas de 10 cidades da região dos Campos Gerais aderiram à greve.

Em Guarapuava, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), há professores em greve em todas as 29 escolas da cidade. O sindicato espera que cerca de 50% dos professores participem do movimento.

Ainda conforme o APP-Sindicato, em Guarapuava, mais de 25 mil alunos serão afetados. Além de Guarapuava, Goioxim, Boaventura de São Roque, Pitanga, Mato Rico, Turvo, Candói, Foz do Jorão e Pinhão também aderiram à greve.

Oeste e Sudoeste

Em Foz do Iguaçu, no oeste, professores se concentraram em frente ao Núcleo Regional de Educação por volta das 8h desta quarta-feira. De lá, seguirão em passeata até a Praça do Mitre, no Centro, onde devem ficar acampados até o fim da greve que deve afetar cerca de 35 mil alunos.

De acordo com o sindicato da categoria, a mobilização tem a adesão de 90% dos professores e funcionários da rede estadual de ensino na região. No Colégio Estadual Arnaldo Busatto, por exemplo, das 21 turmas da manhã, quatro estão tendo aulas.

Esclarecimento

Na terça-feira, a Secretaria de Estado da Educação informou que as escolas do Paraná deveriam permanecer abertas tanto para os professores que queiram exercer o trabalho normalmente, quanto para atender os alunos. “Caso o aluno fique sem aula, a família deve exigir da escola um plano de reposição das aulas que faltarem”, diz um trecho da nota.

Em um esclarecimento divulgado também na terça-feira, a pasta diz que a implementação da hora-atividade pedida pelo sindicato está prevista para o próximo ano letivo quando os novos professores, que estão terminando o atual concurso, tenham assumido as funções. Conforme a secretaria, isso custará R$ 17 milhões por mês ao Estado e que, atualmente, os professores têm 30% de hora-atividade – o que representa seis aulas por semana sem interação com aluno.

Quanto ao aumento de 10% reivindicado pela categoria, a secretaria diz que o governo oferece um reajuste previsto na data-base, de 6,06%, e que o Paraná paga 70% a mais do que o piso nacional, que é de R$ 1.697,00 para 40 horas. Segundo o governo estadual, o salário inicial em 2013/2014 para 40 horas por semana, já com auxílio transporte, é de R$3.005,94.

Em relação à implantação das promoções e progressões pedidas pelo sindicato, o governo afirma que os professores e funcionários com direito – aproximadamente 22 mil profissionais –, começaram a receber em março e que a primeira parcela dos avanços devidos será paga no mês de maio. “Compromisso será totalmente quitado até o fim deste ano”, diz um trecho do esclarecimento emitido pelo governo.

O governo ainda garante estar em fase final de um concurso público para a contratação de 13,7 mil novos professores e pedagogos. De acordo com o governo, nos últimos três anos foram contratados 17.261 novos professores e funcionários aprovados em concurso público e outros 4,2 mil funcionários administrativos e de apoio, que aguardavam nomeação desde 2007.


Fonte:  G1 - 23/04/2014


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