Mais de 700 metalúrgicos de todas as regiões do Estado lotaram as ruas de Porto Alegre na marcha de lançamento da Campanha Salarial 2014, na manhã desta terça-feira, 15. A caminhada iniciou por volta das 10h na praça Pinheiro Machado, na avenida Farrapos, e encerrou em frente ao Palácio Piratini, com um almoço no começo da tarde.

Durante todo o trajeto, os trabalhadores salientavam que a reivindicação não é só por melhores salários, mas pela garantia e conquista de direitos e continuidade de um projeto de desenvolvimento do país. O slogan da campanha deste ano é “Lutamos para ganhar este jogo”.

Audiência com o governador

Uma comissão dos metalúrgicos foi recebida pelo governador Tarso Genro, no Palácio Piratini. Um documento com as reivindicações da categoria foi entregue ao governador, o  pedido central foi o encaminhamento de projeto à Assembleia Legislativa, negociado com as entidades sindicais, para a instituição de uma política de valorização permanente do salário mínimo regional.

“Nos quatro anos do governo Tarso o mínimo obteve aumento real de 12,75%. É hoje uma referência positiva para a economia do Rio Grande do Sul”, disse o presidente da FTM/RS, Jairo Carneiro.

Após, no carro de som, Tarso enfatizou aos metalúrgicos a importância da valorização do mínimo regional. “O desenvolvimento de um Estado, do seu Produto Interno Bruto e da sua indústria não pode ser mais um elemento de concentração de renda e poder. Esse desenvolvimento tem que ser distribuído socialmente. E como é que ele se distribui socialmente? É tendo a recuperação do salário mínimo como uma meta permanente de governo”, garantiu.

Saúde do trabalhador

Porém, além da valorização do salário, a qualidade no ambiente de trabalho que valorize a saúde do trabalhador é pauta prioritária para os metalúrgicos gaúchos.

Carneiro citou o Projeto de Lei 111/2012, do deputado estadual Nelsinho Metalúrgico (PT),  que busca promover a saúde no local de trabalho e a prevenção de acidentes, através de entidades e órgãos ligados ao Poder Públicos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não podemos esquecer que  28 de abril é Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, quem sabe o nosso parlamento dá esse presente aos trabalhadores, votando e aprovando o PL”, propôs ele.

Homenagem

Para demarcar os 50 anos do golpe militar, completados no início deste mês, a FTM/RS prestou uma homenagem aos deputados Raul Pont (PT) e Raul Carrion (PCdoB). O presidente da Federação lembrou companheiros que foram presos, torturados e mortos durante a ditadura.

“Os sindicatos sofriam intervenções do Estado, os trabalhadores eram presos dentro das fábricas, não podíamos lutar por nossos direitos como fazemos hoje. Por isso homenageamos esses dois deputados que são grandes lutadores na defesa da democracia”, declarou Carneiro.

Os parlamentares relataram acontecimentos do período do regime militar e destacaram a importância das organizações sindicais para a manutenção da democracia.

Unidade da categoria

Por último, os representantes das diversas regiões dos RS se manifestaram. Todos destacaram a unidade da classe metalúrgica gaúcha e a necessidade de uma campanha salarial bem sucedida não só para beneficiar o trabalhador, mas como mecanismo de distribuição de renda.

O diretor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Loricardo de Oliveira, acredita que a campanha salarial da categoria começa agora, mas só encerra no mês de outubro, com a disputa de um projeto para a sociedade.

“Nossa campanha não irá terminar com os acordos coletivos, permaneceremos nas ruas até outubro, para lutar pela sociedade que queremos, com distribuição de renda e valorização do trabalho”, defendeu.

Já o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, destacou a participação dos metalúrgicos nas atividades da classe trabalhadora. “Muitos dos que estão aqui hoje, viajaram a noite inteira, outros estavam em São Paulo na marcha do dia 09 de abril. Sem dúvida, os metalúrgicos são grandes lutadores e enchem de orgulho os trabalhadores brasileiros”, falou.

Nespolo também falou sobre o Plebiscito Popular pela Reforma Política como forma de aprofundar a democracia. “Estamos fazendo lutas importantes pela redução da jornada, pelo fim do fator previdenciário e contra a terceirização. É mais fácil lutar quando há mais emprego e a Reforma Política vem para favorecer os trabalhadores, fortalecendo a democracia”, finalizou.

Representantes dos 28 sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM/RS) participaram da atividade.