Com adesões em mais de 100 unidades do Sistema Petrobrás, em 13 estados brasileiros, os petroleiros completam nesta segunda-feira (10) o décimo dia de greve no país contra demissões, privatização e por direitos.
A mobilização nacional que compreende até o momento 102 unidades se dá pela suspensão das demissões na Fafen-PR (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná), por direitos previstos no ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), bem como contra o desmonte da empresa, com a possibilidade de fechamento de unidades e mais demissões, contra a precarização das condições de trabalho e a privatização.
Já são 40 plataformas, 18 terminais, 11 refinarias e mais outras 20 unidades operacionais e 3 bases administrativas com trabalhadores em greve por todo o país. Os trabalhadores enfrentam os ataques, vindos tanto por vias sindicais e patronal aos petroleiros, quanto os do governo contra o conjunto da classe trabalhadora.
Mobilização no RJ – Um ato no Edise foi marcado para essa quarta-feira (12) com o objetivo de trazer o administrativo para greve. A perspectiva é a de que o setor fortaleça e gere impactos relevantes nessa luta.
Unificar as lutas – Somente com uma luta unificada os ataques aos trabalhadores poderão ser combatidos. Algumas importantes iniciativas se somaram ao cenário de greve nacional da categoria petroleira. Os trabalhadores mobilizados no Dataprev e Casa da Moeda, por exemplo, mostraram a insatisfação da classe com os planos do governo Bolsonaro. Nos Correios, há indicativo de greve na categoria marcado para 3 de Março, em uma luta que também enfrenta projetos de privatização.
No final de semana, reunidos em Congresso Estadual em São Paulo, educadores de escolas públicas também declaram apoio à greve nacional dos petroleiros.
Sucatear para privatizar – Eduardo Henrique, da Federação Nacional dos Petroleiros e da CSP-Conlutas-RJ, ressalta que “esta luta, que não é somente dos trabalhadores, mas é de toda população brasileira, seguirá firme em defesa de direitos, contra as demissões e a privatização da Petrobras”.
Na segunda (3), a Petrobras iniciou de divulgação de oportunidade para venda de parcela de sua participação de blocos exploratórios, pertencentes às concessões BM-PAMA-3 e BM-PAMA-8, localizadas na Bacia do Pará-Maranhão.
Conforme explica o petroleiro Eduardo, a Petrobras é operadora dos blocos, com 100% de participação na concessão BM-PAMA-3 e 80% de participação na concessão BM-PAMA-8, em parceria com a Sinopec Exploration and Production Brazil (Sinopec), que detém os demais 20%.
Nesse cenário, o desinvestimento será de até 50% na concessão BM-PAMA-3 e de até 40% na concessão BM-PAMA-8. Assim, a Sinopec poderá exercer direito de preferência na concessão BM-PAMA-8 para adquirir a participação da Petrobras.
Entre as empresas que estão na lista de privatização de Paulo Guedes, além da Petrobrás, há Correios, Serpro e Telebras, Dataprev, Casa da Moeda, Lotex, Trensurb e Eletrobras.
Repressão – O TST (Tribunal Superior do Trabalho), via o ministro Ives Gandra Martins Filhos, obrigou que 90% dos trabalhadores mantenha produção habitual, estabelecendo ainda multa de diária de R$ 500 mil, para sindicatos de base territorial com mais de 2.000 empregados, em caso de descumprimento da decisão. Outras entidades sindicais podem ser multadas em R$ 250 mil.
Ainda assim a categoria permanece mobilizada em defesa da Petrobras, contra as demissões e o Pacote de Maldades de Bolsonaro e de Castello Branco.
A Reman [bem como a Replan] emitiu carta sobre o aceite de liminar da Petrobras que visa impedir a mobilização da categoria. Saiba mais no link: Todo apoio à greve dos petroleiros: confira panorama nacional neste 7º dia de mobilização da categoria
As mobilizações pelo país – A greve mobiliza até o momento 92 unidades no Sistema Petrobrás, em 13 estados do país. Veja o quadro nacional de greve atualizado logo abaixo.
Bases da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros:
Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC)
Usina Termoelétrica Euzébio Rocha (UTE-EZR), também em Cubatão
Terminal Transpetro Alemoa, em Santos
Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião
Unidade de Tratamento e Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba; e plataformas de Mexilhão, P-66, P-67 e P-69.
Plataformas –74, 75, 76 e 77
Terminal Aquaviário da Bahia da Guanabara (TABG)
Terminal da Bahia de Ilha Grande (TEBIG)
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ)
Refinaria Henrique Lages, em São José dos Campos (Revap)
Petroleiros realizam atraso na sede administrativa da UN-AM, em Manaus
Greve em outros estados:
Terminal de Coari (TACoari)
Refinaria de Manaus (Reman)
Plataformas – 09
Terminal de Mucuripe
Temelétrica TermoCeará
Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor)
Refinaria Abreu e Lima (Rnest)
Terminal Aquaviário de Suape
UO-BA – 07 áreas de produção terrestre
Refinaria Landulpho Alves (Rlam)
Terminal Madre de Deus
Usina de Biocombustíveis de Candeias (PBIO)
Terminal Aquaviário de Vitória (TEVIT)
Unidade de tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC)
Sede administrativa da Base 61
Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité)
Refinaria Gabriel Passos (Regap)
Plataformas – 27;
Terminal de Cabiúnas, em Macaé (UTGCAB)
Terminal de Campos Elíseos (Tecam)
Termelétrica Governador Leonel Brizola (UTE-GLB)
Refinaria Duque de Caxias (Reduc)
Terminal de Guararema
Terminal de Barueri
Refinaria de Paulínia (Replan)
Refinaria de Capuava, em Mauá (Recap)
Plataformas – 04
Torre Valongo – base administrativa da Petrobras em Santos
Termelétrica de Três Lagoas (UTE Luiz Carlos Prestes)
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar)
Unidade de Industrialização do Xisto (SIX)
Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FafenPR/Ansa)
Terminal de Paranaguá (Tepar)
Terminal de Biguaçu (TEGUAÇU)
Terminal Terrestre de Itajaí (TEJAÍ)
Terminal de Guaramirim (Temirim)
Terminal de São Francisco do Sul (Tefran)
Base administrativa de Joinville (Ediville)
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap)
Polo de Guamaré, Base 34 e Alto do Rodrigues – mobilizações parciais
- Quadro nacional da greve – 10/02:
40 plataformas
11 refinarias
18 terminais
7 campos terrestres
5 termelétricas
3 UTGC (processamento de gás)
1 usina de biocombustível
1 fábrica de fertilizantes
1 fábrica de lubrificantes
1 usina de processamento de xisto
1 complexo petroquímico
3 bases administrativas
Desafio a Bolsonaro – Em nota publicada pela FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), a entidade divulga carta pública da categoria em greve, com um desafio ao presidente Bolsonaro. Segundo consta na publicação, “diante do debate entre governadores de 22 estados e o presidente Jair Bolsonaro a respeito da redução de impostos dos combustíveis, estes trabalhadores [petroleiros] através de suas entidades representativas retrucam o desafio populista lançado pelo presidente lançando um novo desafio a Bolsonaro”.
A federação lista as medidas para uma possível redução de preços nos combustíveis:
– Parar as privatizações das Refinarias e da FAFEN-PR;
– Aumentar a produção nas refinarias nacionais de 73,8% para 100% da capacidade;
– Diminuir a importação de derivados do petróleo.