Notícia - Mulheres da CUT encerram campanha com luta contra MP 905

Em ato de encerramento da campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres”, realizado em São Bernardo do Campo, as mulheres da CUT se uniram aos sindicalistas das principais centrais do Brasil na Jornada de Luta Por Empregos, Direitos e contra a Medida Provisória (MP) nº 905, do Programa Verde e Amarelo.

A campanha para estimular mais pessoas a se engajarem na luta contra a violência de gênero, que vitima milhares de mulheres em todo o mundo, foi idealizada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). A data de início, determinada pela ONU, é 25 de novembro e a de término é 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Mas, no Brasil, a campanha é realizada durante 21 dias porque o ativismo começa em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

“Foram 21 dias de intensas mobilizações, organizadas pelas mulheres CUTistas de vários estados, na incansável luta pelo fim da violência contra mulheres. E para encerrar este calendário decidimos nos juntar à jornada de luta por empregos e contra esta MP”, afirmou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-P, Marcia Viana, que ajudou a organizar e a dar a aula pública denominada “As Mulheres na Jornada de Lutas por Emprego, Direitos e Contra Violência - Impactos da Medida Provisória 905 (Programa Verde e Amarelo) na Vida das Mulheres”, na Praça da Matriz, em São Bernardo do Campo, nesta terça-feira (10).

A bancária Adriana Magalhães durante fala na aula pública nesta terça (10)

“Aproveitamos esse momento na luta por empregos e direitos e também inserimos a nossa que é pelo fim da violência contra mulheres”, explicou a dirigente.

Para a coordenadora do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas do ABC, Andréa Sousa, a luta pelo fim da violência contra mulheres neste dia dos direitos humanos também passa pela luta contra a MP 905, que tira vários direitos dos trabalhadores e ainda cria um imposto para os desempregados, que terão de pagar uma alíquota de 7,5% como contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre o valor do seguro-desemprego.

“Esta mobilização é a demonstração que estamos aqui lutando contra esta medida que impacta diretamente a vida das mulheres trabalhadoras, porque são elas que estão nas ocupações mais precárias e já sofrem discriminação, principalmente as mulheres negras”, disse a metalúrgica.

As trabalhadoras panfletaram, dialogaram com a população e organizaram as mulheres presentes na atividade. “Temos que denunciar que este governo quer acabar com a classe trabalhadora e nós como classe avisamos e estamos aqui mais uma vez falando: não vamos aceitar que nossos filhos não tenham um emprego digno”, disse Andréa.

Marcia Viana, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, durante a atividade em São Bernando do Campo

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Marcia Viana, complementou que é preciso denunciar o que está acontecendo no nosso país. E “o dia dos direitos humanos retrata muito bem o que a gente quer: uma vida digna sem violência, com direito a trabalho e a qualidade de vida”.

A bancária Adriana Magalhães também falou durante a aula pública e destacou que o país revive um momento sombrio do passado. "Temos hoje 40 milhões de desempregados e muitos tantos trabalhando por meio de aplicativos. Gente que voltou a vender bolo e café, a vender capas para celulares nos ônibus, trens e metrôs. Pessoas saindo de suas terras para tentarem oportunidades em outras cidades. Faz tempo que não víamos uma situação dessa no nosso país. E ainda por cima tiraram o nosso direito de se aposentar e agora querem impor essa Carteira Verde e Amarela", disse.

Violência Contra Mulheres

Márcia Viana conta que o tema da violência contra mulher precisa ser tratado em todos os espaços, porque segundo ela, o Brasil é o quinto país em morte violentas de mulheres do mundo e o segundo da América do Sul.

E ela tem razão, o país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres.

Em comparação com países desenvolvidos, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia.

As mulheres negras são o segmento da população onde se concentra o maior número de feminicídios (assassinatos de mulheres pelo simples fato de serem mulheres), além de ser também aquele que mais sofre com a violência doméstica e obstétrica, a mortalidade materna e a criminalização do aborto.

“Temos que denunciar que, no Brasil, não tem mais democracia, que as mulheres negras estão morrendo no nosso país e os filhos delas estão morrendo na periferia. Nós temos que fazer a denúncia do que está acontecendo no nosso país e o dia de hoje retrata muito bem isso. Porque o que a gente quer neste dia dos direitos humanos é uma vida digna sem violência, com direito a trabalho e qualidade de vida”, disse Márcia.

A coordenadora da Mulher Trabalhadora da CUT-ABC, a bancária Inez Galardinovic, destacou que direitos básicos, como o trabalho e moradia, são direitos humanos e também fazem parte da luta das sindicalistas.

“O dia dos direitos humanos é uma data mundial para defender a vida das pessoas e hoje estamos aqui pela vida das pessoas, porque defender a vida das pessoas é defender emprego, defender direitos, como saúde e educação, entre outros. Com esses direitos garantidos a vida fica mais humanizada”, destaca.

 

 


Fonte:  cut - 11/12/2019


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