Notícia - Cenário é de uma economia semi-estagnada, avalia Dieese

O governo e a mídia burguesa em geral, começando pela Rede Globo (que, apesar das divergências com Jair Bolsonaro, apoia integralmente a política de restauração neoliberal comandada por Paulo Guedes), querem fazer crer que as coisas estão melhorando no Brasil e a economia começa a dar sinais deixar de andar de lado. Mas um breve estudo divulgado nesta quinta-feira (5) pelo Dieese sugere que tais ideias não correspondem aos fatos.

Intitulado “Síntese dos indicadores – algumas considerações sobre o resultado do PIB no 3º trimestre de 2019”, período em que foi registrado um tímido avanço de 0,6% sobre os três meses precedentes, o estudo pondera: “É o 11º trimestre consecutivo de alta. Se continuar nesse ritmo, a economia brasileira retornará aos patamares anteriores a 2015 só a partir de 2022”.

“No valor acumulado em quatro trimestres, ou seja, anualizado, o PIB registra avanço de 1,0%, pouco abaixo do observado no trimestre anualizado anterior, de 1,1%. Na comparação entre 2018 e 2019, o cenário é de uma economia em semi-estagnação. Apesar de alguma melhora nos investimentos e no consumo das famílias, o recuo de gastos do governo e as variações negativas da indústria de transformação indicam que esse baixo dinamismo deve continuar.”

Ou seja, o otimismo que vem sendo difundido pelos bolsonaristas e os partidários da restauração neoliberal inaugurada pelo golpe de 2016 e radicalizada pelo governo da extrema direita é falso e, como mentira, tem a perna curta e não tende a prevalecer sobre os fatos, ainda que vivamos na era da pós verdade.

A mão do Estado

No capitalismo em geral as crises têm caráter cíclico e não são perenes. Mesmo a crise de 2008 nos EUA deu início a uma recuperação iniciada em 2009, depois de uma intervenção trilionária do governo e das autoridades monetárias no mercado. A emblemática GM (General Motors) foi resgatada da falência pela mão visível e pesada do Estado, com o governo assumindo 60% do controle acionário da multinacional, que outrora foi (por muitas décadas) a maior fabricante de carros do mundo.

No Brasil, a crise é claramente agravada pela política econômica do governo, orientada pelo ideal do Estado mínimo e fundada na redução dos investimentos públicos, privatização, desnacionalização, depreciação da força de trabalho e aumento da desigualdade e polarização social.

Por aqui, ao contrário do que ocorreu nos EUA e na China, a mãozinha do Estado foi no sentido contrário. Serviu para agravar a crise. Foi por conta do congelamento das despesas públicas por 20 anos no governo Temer que a economia ainda não se recuperou, saiu da mais severa recessão de sua história (2015-2016) para atolar no pântano da estagnação.

O mais revelante dos indicadores econômicos é precisamente o do nível de emprego. Este não só é produto da crise como também é seu alimento, ou seja, de efeito transforma-se em causa ao reduzir a demanda de mercadorias, enfraquecendo o mercado interno e restringindo o consumo das famílias.

A sociedade humana ainda não superou a lei do valor, descoberta séculos atrás por Adam Smith, depois de 2 mil anos de especulação filosófica. Quem agrega valor nas cadeias de produção ainda é o trabalho, ou melhor o trabalhador. Uma vez definidas a jornada e a produtividade do trabalho, a produção será equivalente ao número de trabalhadores e trabalhadoras empregadas e, por consequência, diretamente proporcional à taxa de desemprego.

Isto significa que a economia só sairá do pântano da estagnação reduzindo substancialmente a taxa de desemprego e, ainda, que o aumento do emprego deveria ser o foco prioritário da política econômica. A valorização do trabalho, com pleno emprego e melhores salários, fortalece a economia, é fonte de desenvolvimento. Mas é outro o norte da política neoliberal comandada pelo rentista Paulo Guedes, que tem por obsessão a depreciação do trabalho.


Fonte:  ctb - 06/12/2019


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