Notícia - Mídia impede contraponto na cobertura da reforma da Previdência, denuncia CUT-RS A

O boicote da mídia tradicional a opiniões contrárias à reforma da Previdência do governo Bolsonaro foi denunciado nesta sexta-feira (22) pelo presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, indignado com a falta de espaços nos veículos de comunicação para fazer um contraponto às mentiras divulgadas dia e noite pelo governo e o mercado financeiro para aprovar essa proposta que só traz prejuízos para a classe trabalhadora.

No início da tarde, ao ser entrevistado por telefone pelos jornalistas Juremir Machado da Silva e Taline Oppitz no “Esfera Pública”, da Rádio Guaíba, um dos raros programas de debates na imprensa de Porto Alegre que ouve todos os lados. Nespolo foi questionado sobre a baixa adesão de parcelas expressivas da população aos protestos contra a reforma.

O dirigente da CUT-RS apontou a dificuldade de acesso ao jornalismo da mídia hegemônica, completamente submissa aos interesses do governo e do mercado, com raras exceções, o que impede o movimento sindical de esclarecer a sociedade sobre os retrocessos da reforma de Bolsonaro.    

“Todos os analistas que ocupam espaços na mídia brasileira, sobretudo em telejornais, são favoráveis à aprovação da reforma da Previdência. Não há sequer um contraponto, uma opinião contrária. Não estou querendo transferir a culpa. O movimento sindical está com uma capacidade muito baixa de furar o bloqueio dos grandes veículos de comunicação, mas a realidade é esta, não há espaço na mídia para se criticar a reforma”, avaliou Nespolo.

Juremir, que é jornalista, escritor, professor da Faculdade de Comunicação da PUCRS e colunista do Correio do Povo, concordou com o presidente da CUT-RS ao final da entrevista. “Ele tem razão, são pouquíssimos os veículos que dão espaço para quem deseja argumentar contra a reforma. Alguns telejornais chegam a colocar quatro ou cinco analistas para falar a favor do projeto. De fato, não há contraponto”, salientou o jornalista.

A denúncia do boicote da grande mídia foi feito também no ato das centrais sindicais e movimentos sociais, ocorrido no início da noite na Esquina Democrática, em Porto Alegre, que reuniu mais de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras, incluindo jovens e aposentados.

“A televisão, todas elas disputam entre si quem fala melhor da reforma. Não tem um contraponto, não tem espacinho de nada para um analista, um âncora, um deputado nosso ou um representante nosso para dizer o que é essa reforma, como vai atingir os aposentados”, enfatizou Nespolo.

Reforma não acaba com privilégios

Na entrevista, o sindicalista criticou os principais pontos da proposta de Bolsonaro, como a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres se aposentarem. "A reforma vai acabar também com a multa de 40% do FGTS, vai terminar com o abono do PIS para quem ganha até dois salários mínimos, e isso não é tudo. O Benefício de Prestação Continuada, que é destinado aos trabalhadores mais humildes,  vai ser reduzido de um salário mínimo para R$ 400,00. Isso é  uma vergonha. Penaliza os mais pobres, enquanto mantém benefícios e privilégios para os militares”, comparou.

A Desvinculação das Receitas da União (DRU), que desvia 30% do orçamento da Previdência para o Tesouro Nacional, também foi alvo de críticas do presidente da CUT-RS. “Eles dizem que temos um déficit na Previdência. Se ele existe mesmo, eu quero saber se é antes ou depois da DRU. Se o governo acabar com as renúncias fiscais, que concede a grandes empresários, ficará evidente que não há rombo no modelo previdenciário. Eles não fazem isso porque tem um único objetivo: desmantelar a Seguridade Social no Brasil”, explicou Nespolo..

Ele destacou ainda a grande adesão à manifestações e panfletagens do Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, realizado nesta sexta-feira, com protestos em 72 cidades do Estado, incluindo o ato das centrais sindicais e movimentos sociais.

“Este é o ponto de partida para a nossa jornada de lutas. Queremos aglutinar cada vez mais pessoas nesse enfrentamento, que visa nos colocar no debate sobre a reforma. Se depois desse dia de paralisações, nossas vozes ainda assim não forem ouvidas,  convocaremos uma greve geral de um, dois, talvez até três dias, para derrotar essa proposta, que acaba com a aposentadoria”, apontou Nespolo.


Fonte:  cut - 25/03/2019


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