Na noite desta terça-feira (15), funcionários dos Correios aprovaram greve por tempo indeterminado em pelo menos 20 sindicatos da categoria, inclusive nas principais concentrações de trabalhadores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A paralisação é uma resposta à proposta apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e à postura intransigente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que acenou com 0% de reajuste salarial para a categoria.
Além de lutar pela reposição da inflação e 10% de aumento real, uma vez que a categoria tem defasagens históricas e um dos salários mais baixos das empresas estatais, os trabalhadores reivindicam a manutenção do convênio médico tal como é hoje, concurso público para a contratação de funcionários, entre outras demandas.
De acordo com José Aparecido Gimenes Gandara, presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores em Correios – Findect, os trabalhadores dos 20 sindicatos que aprovaram a greve respondem por grande demanda dos Correios. “Vamos aguardar que a empresa nos chame para negociar. Ao todo são 20 sindicatos em greve pelo Brasil, incluindo os grandes estados, de maior arrecadação. A empresa vai ter que se posicionar”, afirmou o presidente da Findect.
TST oferece reajuste de 0%
Rechaçada pela categoria, a proposta do vice-presidente do TST, ministro Ives Gandra, apresentada em reunião de mediação na última sexta-feira (11), em Brasília, não acenou com reajuste salarial, apenas uma gratificação de R$ 150 mensais a partir de agosto e mais R$ 50 a partir de janeiro de 2016, até o fim da vigência do acordo coletivo, ou seja, agosto de 2016.
Elias Cesário (foto abaixo), vice-presidente da Fintect e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios de São Paulo – Sintect-SP, filiado à CTB, informou que a proposta do TST não garante nem reposição da inflação. O dirigente reiterou a preocupação de que o percentual oferecido não seja incorporado aos salários. “O grande problema é que só há previsão de incorporação de R$ 50 aos salários, o restante continuaria por foraindefinidamente, e poderia acabar sendo retirado pela empresa”, ressaltou.
Além da falta de reajuste salarial, outros pontos que pesaram para a rejeição dos trabalhadores à proposta do TST foram o prazo (muito longo) para implantar a entrega matutina; a falta de garantia do concurso público e contratação de funcionários.
Os trabalhadores rejeitaram também a proposta de comissão paritária para discutir o plano de saúde da categoria. “Essa comissão não teria poder de decisão, deixando a ECT de mãos livres para implantar as mudanças que quer e todos já conhecem, que é a imposição de mensalidade e a exclusão dos pais como dependentes no plano”, revelou Elias Cesário.
Na opinião do presidente da CTB-SP, Onofre Gonçalves, que acompanhou a assembleia, a categoria está forte e mobilizada. “A categoria está unificada no Brasil todo, são mais de 20 sindicatos fortes. A CTB está ao lado dos trabalhadores e acompanharemos todo esse processo, que com certeza vai culminar com a vitória dos ecetistas”, afirmou o sindicalista.
Nesta quinta-feira, os dirigentes estarão em Brasília para prosseguir com as negociações. Uma nova assembleia está marcada para a próxima segunda-feira (21) para decidir os rumos do movimento.