A Volkswagen está negociando com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), informou nesta quinta-feira (3) o secretário-geral da entidade, Wagner Santana.
Além da Volks, seis empresas de Diadema, São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires avaliam a implementação do programa. O PPE, proposto pelo governo federal para preservar empregos, permite às empresas reduzir, em até 30%, a jornada de trabalho e os salários, de forma proporcional.
Em 31 de agosto, os metalúrgicos da Mercedes, em São Bernardo do Campo, encerraram uma greve, que tinha completado uma semana, após negociar a suspensão da demissão de 1,5 mil trabalhadores. O acordo, que foi primeiro do gênero em uma montadora, incluiu a adesão dos empregados ao PPE. Pelo acordo, os cerca de 10 mil trabalhadores da unidade tiveram redução de 20% na jornada de trabalho, que valerá de 1º de setembro até 31 de maio do próximo ano, além de diminuição de 10% nos salários.
“Para um momento como esse, [o PPE] é um elemento importante, porque a lógica do Brasil é ter a demissão como instrumento para solução de enxugamento das empresas nesses momentos [de crise]”, disse Santana. “O PPE foi um instrumento importante para reverter as demissões na Mercedes.”
Em nota, a Mercedes informou que o acordo é uma solução “para gerenciar a elevada ociosidade na fábrica, enquanto não há crescimento econômico”. O comunicado destacou ter ocorrido consenso para que, no próximo ano, haja reposição salarial com base em apenas 50% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a nota, antes de decidir pelas demissões, a empresa recorreu a todas as alternativas possíveis, entre elas banco de horas, semanas curtas, férias, folgas coletivas, licenças remuneradas, várias oportunidades de desligamento voluntário e layoff de julho de 2014 a setembro de 2015.