Primeiro, a empreiteira Método Engenharia não pagou os salários de setembro aos seus 144 operários, no quinto dia útil de outubro. Não quitou também os vales de alimentação e refeição.
Depois, prometeu ao pessoal e à direção do sindicato dos trabalhadores na construção civil, montagem e manutenção industrial (Sintracomos) de Santos e região que saldaria a dívida até 15 de outubro.
Na sexta-feira passada (15), como não conseguiria cumprir a palavra, mandou mensagens eletrônicas, de madrugada, orientando os profissionais a nem irem trabalhar. Suspendeu também o transporte.
Dessa forma, eles estão até hoje, quarta-feira (20), sem trabalhar, participando de seguidas assembleias, na expectativa de que a empresa os pague imediatamente.
Instrução e conciliação
Também com o plano de saúde suspenso e há três meses sem depositar os valores do fundo de garantia por tempo de serviço (fgts), a empresa procurou, na terça-feira (19), a Justiça do Trabalho.
“O que ela espera dos juízes?”, pergunta o presidente do sindicato, Ramilson Manoel Elói. “Que eles punam os trabalhadores, que nem em greve estão, pois foram dispensados do trabalho pela própria empresa?”.
Nos próximos dias, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) deverá marcar audiência de instrução e conciliação, onde Ramilson dirá que também há rescisões contratuais sem pagamento.
Refinaria corresponsável
Em assembleia nesta terça-feira, na subsede do sindicato, a diretoria e os trabalhadores decidiram cobrar corresponsabilidade da refinaria Presidente Bernardes (RPBC Petrobrás), contratante da Método.
Eles querem que a petroleira empenhe as verbas medidas e retidas pelos trabalhos feitos pela empreiteira. E que esse valor sirva para quitar todas as dívidas e pendências trabalhistas da contratada.
Ramilson fará essa ponderação na audiência do TRT e organizará, junto com o sindicato dos petroleiros (Sindipetro), uma grande concentração dos trabalhadores de outras empreiteiras em solidariedade aos da Método.
Petroleiros na mesma luta
O protesto, que poderá, aí sim, segundo os sindicalistas, resultar numa greve geral na refinaria, inclusive dos próprios petroleiros, também solidários, a fim de resolver esses problemas de uma vez por todas.
Segundo o diretor do Sindipetro Fábio Melo, que tem participado das assembleias e demais atividades do Sintracomos, a RPBC e suas contratadas “são useiras e vezeiras em desrespeitar os direitos trabalhistas”.
Ramilson, por sua vez, diz que “ou a gestão da RPBC se empenha em pagar os atrasados dos terceirizados ou o passivo da Petrobras será muito maior e colocado na conta dos gestores”.
Calotes Brasil afora
Segundo ele, a mesma empreiteira tem dado calote nos trabalhadores em outras unidades da Petrobras Brasil afora. E isso acontece graças à conveniência dos gestores da empresa.
“Eles aceitam propostas de contratos com valores rebaixados, para gerar economia, mesmo sabendo que as contratadas não têm condições de concluir serviços, cumprir prazos e respeitar obrigações trabalhistas”.
Os trabalhadores terão nova assembleia na segunda-feira (25), às 8 horas, na subsede do sindicato, para saber se o TRT fez a audiência e a que conclusão chegou.