O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros não é um simples gesto de política comercial. Trata-se de um ataque direto à soberania nacional e uma tentativa explícita de interferência imperialista nos rumos políticos do Brasil, com o claro objetivo de blindar Jair Bolsonaro, seu aliado golpista.
Na prática, Trump tenta usar a força econômica dos EUA para intimidar instituições brasileiras e pressionar por impunidade. Em sua declaração, ele alega que as novas tarifas são uma resposta à “perseguição” contra Bolsonaro — como se o Brasil devesse satisfações ao império sobre quem deve ou não responder por tentativa de golpe.
Uma chantagem imperialista
Esse episódio escancara o padrão de dominação que ainda marca as relações entre "centro" e "periferia" no sistema internacional. Mesmo com um histórico de mais de 16 anos de déficits comerciais do Brasil com os EUA, onde exportamos matéria-prima e importamos bens de alto valor agregado, Trump acusa o Brasil de “injustiça comercial”. É uma mentira grotesca, típica da arrogância imperial.
A nova tarifa deve atingir setores inteiros da economia brasileira, colocando em risco milhares de empregos. Mas não se trata apenas de economia. O que está em jogo é o direito do Brasil de decidir seus próprios caminhos, julgar seus criminosos e conduzir seus processos democráticos sem a tutela de Washington.
A extrema direita se ajoelha
Enquanto isso, a extrema direita brasileira se apressa em aplaudir o ataque estrangeiro. Eduardo Bolsonaro, em autoexílio nos EUA, age como um lobista contra os interesses do Brasil, articulando sanções e fazendo ameaças ao Judiciário e ao governo. Seu discurso “patriótico” não passa de encenação hipócrita, e é compatível com quem atua como correia de transmissão de Trump e seus interesses.
Mais uma vez, vemos que a extrema direita brasileira não tem projeto nacional. Seu único plano é garantir espaço no poder, ainda que isso custe entregar o país aos interesses de uma potência estrangeira.
O Brasil precisa responder à altura
O governo Lula não pode assistir passivamente a esse ataque. É preciso denunciar com firmeza a tentativa de ingerência nos assuntos internos do país. O momento exige uma resposta política clara, que defenda o povo brasileiro e não hesite em apontar o verdadeiro caráter do gesto de Trump: uma manobra para proteger um golpista condenado pela história.
Mas a resposta também precisa ir além da retórica. É necessário romper com a política econômica de submissão, abandonar o arcabouço fiscal que sufoca investimentos públicos, barrar privatizações e reconstruir um projeto nacional soberano e voltado aos interesses populares.
As centrais sindicais, os movimentos sociais e populares têm um papel decisivo neste momento. É hora de tomar as ruas, denunciar as sanções imperialistas dos EUA e exigir a prisão de Bolsonaro e de todos os envolvidos na tentativa de golpe.
Não podemos aceitar que um bilionário estrangeiro, porta-voz da extrema direita global, queira decidir os rumos da nossa democracia.
Pelo direito do povo brasileiro de decidir seu próprio destino! Sem anistia! Bolsonaro e os golpistas na cadeia, já!