A participação da União Geral dos Trabalhadores (UGT) no 5º Congresso da Confederação Sindical das Américas (CSA TUCA) – que nesta edição homenageia Pepe Mujica – está marcada por um discurso contundente do presidente da entidade, Ricardo Patah. Com coragem e clareza, Patah apontou os caminhos que os sindicatos precisam trilhar diante dos novos desafios do mundo do trabalho, sobretudo com a urgência de romper paradigmas históricos dentro do próprio movimento sindical.
“Este congresso marca uma quebra de paradigma fundamental em alguns temas”, declarou Patah. A avaliação se refere ao conteúdo abrangente do primeiro relatório apresentado, que contempla as mais variadas demandas dos trabalhadores e trabalhadoras das Américas. Mas o destaque maior de sua fala recaiu sobre um fato simbólico e transformador: “Pela primeira vez, temos um congresso com mais mulheres que homens”, afirmou, reforçando que esse número é mais que estatística — é um sinal de que a mudança está em curso, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.
Patah foi enfático ao denunciar que, apesar dos discursos em defesa da igualdade, na prática muitas vezes as ações não acompanham as falas. “As mulheres continuam sendo assediadas, violentadas e discriminadas. A indignação com isso precisa ser mostrada a partir de agora, com ações concretas”, disse. Para ele, o movimento sindical não pode mais se contentar com declarações genéricas — é preciso abrir espaço, garantir voz e vez às mulheres nas instâncias de decisão, nas mesas de negociação e nas estruturas de poder sindical.
O presidente da UGT também destacou a importância da juventude, outro eixo fundamental do congresso. “A juventude precisa estar atuando. Não adianta querermos uma série de mudanças se não temos uma democracia instalada e participativa”, afirmou. Em tempos de novas formas de trabalho — como os realizados por aplicativos —, a representação e a proteção dos jovens trabalhadores se tornam questões estratégicas para o futuro do sindicalismo.
Ao tratar do racismo, Patah não poupou palavras. Chamou o preconceito racial de “uma forma odiosa que persiste no Brasil e em tantos países do continente”, e lembrou que não se pode avançar em justiça social sem enfrentar com firmeza as desigualdades estruturais que afetam a população negra.
O discurso de Patah reforça o papel da UGT como uma central preocupada não apenas com os direitos trabalhistas clássicos, mas com um sindicalismo comprometido com os direitos humanos, a diversidade e a inclusão. Em sua visão, o sindicalismo do futuro precisa ser feito por mulheres, jovens e pessoas comprometidas com a construção de uma democracia real, popular e plural.
O 5º Congresso CSA TUCA segue como um espaço fundamental de articulação entre sindicatos das Américas, e o protagonismo da UGT nesse processo reafirma sua relevância internacional na luta por um mundo do trabalho mais justo, diverso e humano.