O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região irá se reunir, nesta sexta-feira (9), com representantes da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod), vinculada ao Ministério da Defesa. O encontro será em Brasília, às 14h30, e foi agendado a pedido do Sindicato.
No centro das discussões, estará a grave crise atravessada pela Avibras Indústria Aeroespacial e por seus trabalhadores. O Sindicato, filiado à CSP-Conlutas, vai dar sequência às cobranças para que o governo federal faça investimentos que viabilizem a retomada das atividades da empresa e à regularização dos salários, atrasados há 25 meses.
A Seprod é responsável pelas compras de produtos de Defesa. Uma das propostas a serem apresentadas pelo Sindicato, durante a reunião, é que o governo federal faça a antecipação de pagamento dos contratos vigentes e celebre novos contratos com a Avibras.
É importante considerar que as Forças Armadas efetuam compras cotidianamente, sendo que a maioria das empresas fornecedoras é estrangeira.
O Sindicato também defende a estatização da fábrica sob controle dos trabalhadores.
Governo tem de agir
Em fevereiro o governo federal anunciou que a Nova Indústria Brasil (NIB) tem R$ 112,9 bilhões para investir em tecnologias de Defesa e soberania nacional. A NIB foi criada para estimular setores estratégicos por meio de compras públicas.
“Com esse orçamento, seria um crime permitir que a Avibras encerrasse as atividades”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Entre os produtos fabricados pela empresa estão mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes e sistemas de comunicação por satélite.
O governo federal já havia se manifestado, dizendo que não poderia investir na Avibras enquanto o atual proprietário, João Brasil Carvalho Leite, estivesse no comando da empresa. A dívida em impostos da Avibras com a União é de cerca de R$ 200 milhões.
“Com a possibilidade de saída de João Brasil, que está negociando a venda da fábrica, o governo tem de iniciar uma discussão para a volta das atividades da Avibras. Já são três anos de uma crise que pode levar ao fim de uma das principais indústrias de Defesa do país. O fato é que o governo Lula foi omisso durante todo esse período. Mesmo que a empresa seja adquirida pela Brasil Crédito ou qualquer outra empresa, ainda dependerá dos investimentos do governo para continuar operando”, conclui Weller Gonçalves.
A Avibras fica em Jacareí e ingressou com processo de recuperação judicial em março de 2022. Atualmente, a empresa deve 25 salários aos cerca de 900 trabalhadores, que estão em greve desde setembro de 2022.