Nesta quinta-feira (1º), a CSP-Conlutas, com suas entidades e movimentos filiados, protagonizou um 1º de Maio de luta em várias capitais do país, com atos, passeatas e protestos que marcaram o Dia Internacional dos Trabalhadores com a bandeira da independência de classe diante dos governos e dos patrões.
Nas manifestações, foram denunciados os ataques promovidos por diferentes governos, tanto no Brasil quanto no cenário internacional, levantadas bandeiras em defesa dos trabalhadores e feito um forte chamado à luta e organização da nossa classe.
Em SP, ato no MASP e passeata
Em São Paulo, o ato reuniu cerca de 3 mil pessoas na Avenida Paulista, em manifestação que começou com uma concentração em frente ao MASP e depois seguiu em passeata até a Praça Roosevelt, com a presença de categorias organizadas, movimentos sociais e setores oprimidos.
Estiveram presentes trabalhadores de várias categorias, como metalúrgicos, professores, metroviários, servidores municipais e federais, além de movimentos de moradia, mulheres, juventude, imigrantes, negros, entregadores de aplicativo e mães de vítimas da violência policial.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, entre as principais reivindicações estiveram a exigência pelo fim da escala 6x1; a redução da jornada sem redução de salários; a revogação das reformas trabalhista e da Previdência; o fim do arcabouço fiscal, considerado um dos principais entraves à valorização do serviço público e aos investimentos sociais; e a exigência de punição a todos os golpistas, sem anistia.
O combate à violência policial nas periferias, ao racismo, à violência machista e à xenofobia também foi destaque.
Internacionalismo
Assim como em todo o país, a solidariedade internacional permeou todo o ato. Os manifestantes reafirmaram apoio à resistência palestina diante do massacre promovido por Israel, e também à luta do povo ucraniano contra a invasão russa.
“Vivemos uma ofensiva global da extrema direita, como Trump, que ataca os imigrantes e se alia a Putin e a Israel, mas também há resistência”, afirmou a professora Lorena Fernandes, da CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores). “No Brasil, o governo Lula-Alckmin sustenta o arcabouço fiscal e um salário mínimo miserável. Por isso, é fundamental manter nossa independência frente a qualquer governo”, afirmou.
A professora também saudou a greve unificada dos servidores municipais de São Paulo, em curso contra os ataques do prefeito Ricardo Nunes. “Essa greve é um exemplo de como enfrentar a extrema direita e os ataques à nossa classe”, destacou.
Altino Prazeres, dirigente do Sindicato dos Metroviários de SP e da direção estadual de SP da CSP-Conlutas, fez uma dura crítica às celebrações oficiais do 1º de Maio e também falou de cenário internacional. “Enquanto centrais como CUT e Força Sindical fazem atos financiados por empresários, com sorteio de carros e presença de ministros do governo, o nosso é um 1º de Maio de luta, dos trabalhadores que resistem à miséria, da juventude, dos sem-terra e dos oprimidos”, disse.
“Trump, Milei, Lula, Boric… todos favorecem os ricos, cortam da saúde, da educação e dos serviços públicos para garantir os lucros dos banqueiros. Nós estamos do outro lado da trincheira. Do lado do povo palestino, que resiste ao massacre de Israel, e do povo ucraniano, que enfrenta a invasão russa. No Brasil, resistimos aos ataques de Lula e Alckmin, do governador Tarcísio, que quer privatizar tudo, e do prefeito Ricardo Nunes, que ataca os servidores e a educação”.
A denúncia da xenofobia e dos despejos
A situação dos imigrantes e o racismo também foram denunciados no ato. Ao microfone, um trabalhador senegalês lembrou a morte de Ngange Mbaye, imigrante assassinado recentemente pela PM de São Paulo. Em uma forte fala, ele denunciou o racismo do sistema capitalista e a política migratória seletiva que atinge os africanos.
“Existe uma disputa imperialista pela África muito grande e essa disputa imperialista, que saqueia nossos recursos naturais e força a imigração. A imigração não é favor. É um direito humano consagrado na Declaração dos Direitos Humanos. Ngange era um trabalhador dentro do sistema capitalista que não conseguiu vender a sua força do trabalho e, por isso, recorreu à informalidade e foi aí onde ele encontrou a sua morte. Queremos dizer que a morte do Ngange não é um caso isolado. É fruto desse sistema capitalista que privilegia a imigração branca em detrimento da imigração africana”.
Vanessa Mendonça, do movimento Luta Popular, denunciou os despejos no Brasil e criticou a conivência do governo federal.
“A justiça burguesa protege os de cima e persegue os de baixo. Por isso, precisamos ir às ruas para denunciar os despejos e a violência contra quem luta por um teto. O governo Lula fala em política de habitação, mas permite que comunidades inteiras sejam removidas todos os dias”, afirmou. Ela citou o caso da favela do Moinho, em São Paulo: “São mais de 30 anos de história, em uma área federal. Em vez de garantir moradia, o governo Tarcísio expulsa quem vive ali e o governo Lula nada vez. É inadmissível”, disse.
Categorias em luta
Além da capital paulista, a CSP-Conlutas participou de atos em várias capitais e cidades do país que, inclusive, contam com categorias em luta. Em Porto Alegre, por exemplo, o 1° de Maio foi marcado pela greve dos trabalhadores e trabalhadoras do supermercado Zaffari, que lutam contra escalas extenuantes que chegam a 10x1, além de baixos salários.
“O 1º de Maio esse ano foi muito importante, com muita representatividade da classe trabalhadora. Primeiro, porque tinha como eixo central a questão de ser um 1º de Maio classista e independente de governos e patrões. Segundo, que ele foi marcado por uma greve de trabalhadores do Zaffari, que é uma categoria muito jovem, que sofre muita pressão do patrão, mas que teve a coragem de iniciar um processo de mobilização e de greve”, avaliou Rejane de Oliveira, integrante da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas.
Já em Macapá, trabalhadores da saúde pública foram às ruas denunciar o desmonte do setor promovido pelo governo estadual, que tem gerado falta de leitos, ausência de exames e médicos, além de perseguição a servidores.
Em outras cidades, como Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Brasília, Florianópolis, Rio de Janeiro, entre outras, a participação da CSP-Conlutas também foi marcada pela combatividade, independência de classe e defesa da solidariedade internacional.
O tom do 1° de Maio protagonizado pela CSP-Conlutas foi contundente: é preciso construir uma alternativa política da classe trabalhadora, que enfrente os ataques dos capitalistas e seus governos, como destacou no ato de SP o integrante da Secretaria Executiva Nacional da Central Luiz Carlos Prates, o Mancha. “O 1º de Maio não é uma festa. É um dia de luta e memória da classe que produz toda a riqueza do mundo e que precisa, mais do que nunca, se organizar de forma independente para tomar seu destino nas mãos”, afirmou.