Notícia - Família de trabalhador falecido denuncia descaso da Sonaca e do plano de saúde

Em greve desde terça-feira (16), os metalúrgicos da Sonaca ficaram impactados ao ouvir, em assembleias realizadas nesta quarta (17) e quinta (18), o relato da sobrinha do trabalhador Adilson Alves de Carvalho, que morreu um dia antes do início da paralisação. Adilson sofreu com os péssimos serviços prestados pela empresa e pelo seu plano de saúde – justamente o motivo da mobilização.

Vanessa Carvalho da Silva Ramos narrou o sofrimento do seu tio Adilson, que durante 20 anos trabalhou na Sonaca. Ele morreu na segunda-feira (15), depois de quase um mês às voltas com a burocracia do convênio médico para receber o atendimento necessário à sua condição de saúde. Outros familiares de Adilson também estiveram presentes nas assembleias e foram abraçados pelos funcionários, que, emocionados, diziam que ele faz muita falta.

Os operários estão em greve justamente para exigir mudanças no convênio médico, que cobra taxa de coparticipação em consultas, exames e outros procedimentos. Mas os acontecimentos vividos por Adilson mostram que os problemas vão para além disso. 

Entre março e abril, o metalúrgico foi diagnosticado com leucemia e sofreu um infarto. Segundo Vanessa, apesar da gravidade do estado de saúde, Adilson teve de enfrentar demora excessiva na autorização de internações e do uso de ambulância pelo convênio.

A princípio, ele ficou internado numa clínica em Caçapava, mas precisou de transferência porque a unidade não tinha recursos para realizar os exames. O convênio demorou 31 horas para liberar a ambulância que levaria Adilson a um hospital em São José dos Campos. Nesse período, nem banho ele pôde tomar. 

Desdém da empresa

Se, por um lado, o convênio piorou a situação do trabalhador pelo excesso de burocracia, por outro, a Sonaca demonstrou absoluto desdém com o seu delicado estado de saúde. No dia 20 de março, ele passou mal dentro da fábrica e teve de recorrer a um carro de aplicativo para ir a um hospital. Isso porque a Sonaca deixou de disponibilizar ambulância na empresa.

Enquanto estava na clínica de Caçapava, ele solicitou à fábrica que entrasse em contato com a operadora de saúde para agilizar a autorização de transferência para o hospital de São José. Porém, segundo a família, não foi atendido pela Sonaca.  

Sem suporte da empresa e com Adilson debilitado, a própria família teve de buscar providências para conseguir a transferência de cidade. 

“Que tipo de empresa é a Sonaca, que não deu nenhuma assistência nesse momento? A gente perdeu o nosso anjo, a gente perdeu a alegria da nossa casa”, lamentou Vanessa, inconformada.

Após a morte do trabalhador, a decepção da família com a Sonaca continuou. Segundo Vanessa, o auxílio funerário não foi renovado pela empresa e, por isso, não pôde ser usado.

“Estou aqui para alertar vocês para os problemas do convênio que vocês têm e a falta de consideração que a Sonaca teve com meu tio. A mudança do convênio não vai trazer o Adilson de volta, mas o que a gente puder fazer para mudar essa situação, deve fazer”, concluiu Vanessa.


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos / Foto: Rodrigo Correia - 19/04/2024


Comentários

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.