Em novembro, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) participou do "Diálogo Anual de Políticas 2023: Repensando o Desenvolvimento Social para Pessoas e para o Planeta ", no Palácio Itamaraty. O evento foi organizado pelo Clube de Madri, foro que reúne ex-presidentes e ex-primeiros-ministros de diferentes países.
A OIT foi representada pelo diretor do Escritório para o Brasil, Vinícius Pinheiro, na segunda sessão plenária do evento, intitulada "Desafio Demográfico no Desenvolvimento Eco-Social Inclusivo", realizada no dia 13 de novembro. Pinheiro apresentou as perspectivas da OIT sobre os desafios estruturais do emprego e as novas oportunidades da transição digital no mundo do trabalho.
Sobre o impacto da transição digital no futuro do trabalho e do emprego e que medidas devem ser tomadas para preparar as pessoas para o cenário profissional em mudança, Pinheiro destacou que a automação está substituindo trabalhadores humanos em muitas tarefas rotineiras, como trabalho em linha de montagem, atendimento ao cliente e entrada de dados. Isto produziria remanejamento de empregos em alguns setores, mas também criaria novas oportunidades em outros, como nos transportes, logística, tecnologias de informação, manutenção, saúde, etc.
" A transição digital também está criando novos empregos em domínios emergentes, como a inteligência artificial, a ciência de dados e a cibersegurança. Esses empregos exigem novas habilidades, como programação, análise de dados e resolução de problemas. Esta transição também está mudando a forma como trabalhamos. Cada vez mais pessoas trabalham remotamente e há uma procura crescente por regimes de trabalho flexíveis. Isto cria novas oportunidades, mas representa ameaças ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e à gestão e envolvimento de equipes.", disse Pinheiro.
Para o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, as novas tecnologias podem também acarretar perdas de emprego sem precedentes, lacunas de competências e desigualdades que exigirão uma readequação das políticas de educação e formação. As estimativas sugerem que até 50% da força de trabalho mundial necessitará de algum tipo de requalificação até 2030. Estes números irão variar muito, dependendo do estágio de desenvolvimento de cada país e se as novas tecnologias evoluem para substituir ou complementar o trabalho humano.