Em assembleia na manhã de ontem, os trabalhadores e trabalhadoras na Movent, Movent Forjados e MVT, em Diadema, aprovaram a entrega do aviso de greve contra demissões em massa realizadas pelas autopeças. Desde sexta-feira, 17, foram cerca de 190 demissões por telegramas.

Também aprovaram o estado permanente de atenção e luta contra as práticas antissindicais da empresa e a demissão de pessoas com estabilidade no emprego, como trabalhadoras grávidas, companheiros com câncer, reintegrados pela justiça, vítimas de acidente de trabalho com redução da capacidade laboral, afastados pelo INSS, representantes sindicais e cipeiros.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, afirmou que é uma situação inaceitável. “Na vida, o que queremos é trabalhar, temos família, filhos, contas a pagar, ninguém aqui nasceu em berço de ouro. Trabalhamos porque precisamos de salário, produzimos a riqueza da empresa e ela tem que ter dignidade e respeito de dizer o que vai ser do futuro”.

“Não sei se sairemos vitoriosos, mas não vamos morrer calados, vamos lutar em nome das nossas famílias e de quem amamos”, defendeu.

O coordenador da Regional Diadema, Antonio laudiano da Silva, o Da Lua, lembrou da plenária no início de setembro, quando os trabalhadores protestaram contra uma série de problemas na fábrica, entre eles atraso no FGTS, convênio médico suspenso, atrasos nos pagamentos de fornecedores e prestadores de serviços e exigiram que a empresa apresentasse soluções.

“Temos que fazer a luta que for necessária e sermos ousados. Motivos não faltam. Toda ação tomada será resolvida em conjunto em assembleia”.

40 centavos

O coordenador de área, João Paulo Oliveira dos Santos, o JP, explicou ainda que até agora os donos da empresa não apareceram.

“Sempre aparece um representante da empresa dizendo que não sabe quem são os acionistas, pois eles fazem parte de um fundo de investimento dos Estados Unidos e Portugal. Porém eles nunca investiram na empresa, pelo contrário, estão dilapidando o patrimônio. É tudo tão estranho que existe uma empresa no quadro societário com valor de participação de 0,40”.

Estado de alerta

Em março deste ano, os trabalhadores tinham aprovado em assembleia mobilização e estado de alerta contra atrasos de pagamento e problemas de gestão. Na ocasião, o Sindicato realizou reunião para chamar a responsabilidade da empresa.

O CSE na Movent, Ananias Batista Alves Junior, o Juninho, tinha relatado que até coleta de lixo, refeitório, limpeza estavam atrasados, mesmo com faturamento alto.

“Já vínhamos avisando das atrocidades que estavam sendo cometidas pela empresa. A luta vai ser grande e vai depender de todos os trabalhadores e trabalhadoras. Não sabemos o que vai ser o futuro. Todos estão sem serviço, pois mesmo quem não recebeu o telegrama não pode trabalhar já que nem matéria-prima para produzir tem. Aqui não tem quem está demitido e quem não está, todos são trabalhadores em defesa dos direitos”.