Notícia - Trabalhadores da Avibras completam um ano de luta por empregos e direitos

Há um ano, os trabalhadores da Avibras receberam a notícia de que 420 companheiros haviam sido demitidos. O corte levou à deflagração de uma das mais importantes lutas da categoria metalúrgica em muitos anos. Para marcar a data, os trabalhadores realizaram um ato, na manhã deste 18 de março, em frente à fábrica, em Jacareí.

Participaram da manifestação trabalhadores e seus familiares e dirigentes do Sindicato. Até um bolo foi levado ao local como forma de parabenizar os lutadores que neste um ano seguiram unidos na defesa dos empregos e direitos.

Um desses lutadores é Adilson Campos Silva, analista de produção, com nove anos de Avibras, pai de dois filhos. Ele foi um dos 420 demitidos e, desde então, participa de todas as manifestações pela manutenção dos empregos e pagamento dos salários. Durante a greve, frequentemente fica no acampamento montado em frente à fábrica.  

“Este ano está sendo muito triste. Você tem sua casa, seus filhos, mas vive com a insegurança e com o descaso da empresa, que nos trata como ex-funcionários. A gente sai sem um real na carteira, fica perdido. Hoje vivo com a ajuda da família. Por isso, temos de seguir na luta, não podemos perder a esperança”, relata Adilson.

Apesar das 420 demissões terem sido canceladas em abril do ano passado, os 1.400 trabalhadores da Avibras ainda têm muitos desafios pela frente. Desde que a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, os salários passaram a ser pagos com atraso. Em 9 de setembro, os funcionários entraram em greve contra a falta de pagamento.

A realidade hoje é que desde outubro os trabalhadores estão sem receber. A greve, portanto, completou seis meses e continuará até que a Avibras volte a pagar o que deve. Enquanto isso, as contas não param de chegar, e os trabalhadores têm de se virar para colocar comida na mesa.

Outro lutador, que pediu para não ser identificado, já fez muitos bicos para sustentar a família. Agora comprou uma moto e está trabalhando como motoboy. É essa a realidade da maioria dos funcionários da mais importante empresa privada do segmento de defesa do Brasil.

Manifestação

No ato deste sábado, o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, se solidarizou com a situação vivida por cada um dos trabalhadores da Avibras.

“A falta de salário colocou todos os companheiros em uma situação muito delicada. Muitos não têm dinheiro nem para o ônibus. Diante desses meses sem receber, veio o desespero, que virou revolta e se transformou em luta. Parabéns aos homens e mulheres que permaneceram mobilizados em defesa dos empregos e direitos. Vamos lutar até o final, até a vitória”, disse Weller.

O diretor do Sindicato e trabalhador da Avibras, Sérgio Henrique Machado, ressaltou a expectativa de que o governo federal invista na Avibras.

Na assembleia de credores, ocorrida em 28 de fevereiro, representantes da Avibras afirmaram que existe a possibilidade de assinatura de contrato com as Forças Armadas brasileiras, no valor de R$ 380 milhões. Deste total, R$ 216 milhões já estão confirmados pelo Exército.

O Sindicato também defende a estatização da empresa, sob controle dos trabalhadores. Das palavras de um dos metalúrgicos da Avibras tira-se uma justificativa simples, mas real para que a empresa seja estatizada: “Só a gente sabe onde é a goteira da nossa casa”.


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos / Foto: Roosevelt Cássio - 20/03/2023


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