A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, no início de março, projeto de lei (PL) que altera o nome de uma unidade escolar para Professor João Felício, sindicalista que marcou as lutas da classe trabalhadora em defesa dos direitos e da educação pública, e que morreu em março de 2020. Felício foi presidente da CUT, da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SP) e da CSI (Confederação Sindical Internacional).

Com a mudança de nome, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jardim Damasceno I, localizada na região da Brasilândia, na zona norte de São Paulo, passará a se chamar EMEF Jardim Damasceno I - Professor João Antônio Felício.

O PL 483/2021 de alteração do nome foi apresentado em agosto de 2021 e passou pelas Comissões de Constituição, Justiça e Legislação Participativa; Educação, Cultura e Esportes e Finanças e Orçamento. A aprovação, em plenário da Câmara, ocorreu em 1º de março, obtendo ampla maioria dos votos dos vereadores e das vereadoras.

“Essa é uma homenagem mais do que justa para o professor João Felício, que dedicou a sua vida em defesa da educação e dos direitos dos todos os trabalhadores. Uma das lutas que liderou resultou no maior reajuste salarial da história da educação, os 126%. Ser o autor dessa lei que o homenageia é uma grande honra para mim”, afirmou à CUT São Paulo o vereador Eliseu Gabriel (PSB), autor do projeto.

O projeto aguarda a sanção (assinatura) do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para entrar em vigor. A expectativa é que isso ocorra ainda nesta semana.

Pelas redes socais, a deputada estadual e presidenta da Apeoesp, Professora Bebel (PT), agradeceu a homenagem concedida pela Câmara. “João Felício dedicou sua vida às causas da classe trabalhadora, aos direitos dos professores e à luta pela qualidade da educação para todos e todas. Nós, da Apeoesp, nos sentimos honrados com esta justa homenagem".

Presidenta da Federação Estadual dos Trabalhadores da Educação no Estado de São Paulo (FETE-SP), Nilcea Fleury recorda do tratamento pessoal que Felício dispensava aos próximos. “O João tinha um modo especial de tratar as pessoas. Quando tínhamos alguma dificuldade, ele sempre tinha uma palavra de conforto e de estímulo para nos ajudar da melhor forma. E isso fez dele um grande líder e respeitável. Era exemplo de professor, adorado por todos. Para ele, na educação, tudo era possível quando o objetivo era estimular os estudantes”, conta a dirigente.

"Nós da CUT São Paulo consideramos que essa é uma justa e merecida homeanagem ao saudoso companheiro, professor João Antonio Felício que tanto contibuiu para o movimento sindical brasileiro, além de ensinar e inspirar muitos sindicalistas da nossa geração e deixar um importnate legado na luta em defesa da educação e da escola pública", comenta o professor Douglas Izzo, presidente da CUT-SP que teve a oportuniade de conviver com Felicio na Apeoesp e na CUT.

Sobre João Felício
João Antonio Felício nasceu em Itapuí (SP) no dia 6 de novembro de 1950, e foi casado com Léa Francesconi, com quem teve dois filhos. Em 1972 se formou em Desenho e Plástica, Educação Artística e História da Arte, pela Fundação Educacional de Bauru, quando começa a lecionar na rede ensino do estado de São Paulo.

João Felício iniciou sua militância política e sindical nos anos 1970, participando da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e vencendo a eleição para diretoria da Apeoesp. Em 1983 participou do processo que resultou na fundação da CUT. Em 1991 foi reeleito para o terceiro mandato como presidente da Apeoesp.

Em 1994 foi eleito para Direção Executiva Nacional da CUT, indicado pelos professores do Brasil. Em 2000 assumiu a presidência nacional da Central.

Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social indicado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Em 2005, retorna à presidência da CUT Nacional, após a saída do Luiz Marinho que assumiu o Ministério do Trabalho. Em 2006 foi eleito pelo 9º CONCUT como Secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional e, em 2014, como presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), sendo o primeiro latino-americano a presidir essa importante central internacional. João Antônio Felício faleceu na madrugada do dia 19 de março de 2020 em decorrência de um câncer.