Notícia - Vidreiro morre após vazamento em forno de empresa, que operava acima da capacidade

O trabalhador Antônio Carlos Tola Júnior, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos causados pelo vazamento de um forno de refratário e morreu na última sexta-feira, 26. O acidente de trabalho, que deixou outros quatro em estado grave, ocorreu na planta de São Paulo da empresa Owens Illinois, que fica na zona leste da capital.

De acordo com o Sindicato dos Vidreiros de São Paulo, o forno, utilizado para aquecer o vidro em uma das etapas de produção, operava acima da capacidade de extração diária recomendada, que era de 280 toneladas por dia. No momento do acidente, o forno, que chega a uma temperada de até 1.500 °C, processava cerca de 340 toneladas.

Coordenador dos fornos da empresa, Antônio Carlos fazia a manutenção de um dos equipamentos no dia 10 de novembro, quando uma das paredes do refratário rachou, causando o vazamento de vidros superaquecidos e atingindo os trabalhadores que estavam próximos. Antônio Carlos teve 70% de seu corpo queimado e não resistiu. Outros quatro trabalhadores ficaram feridos com o acidente, mas estão fora do risco de morte.

Ainda segunda o Sindicato, não é a primeira vez que vazamentos do tipo ocorrem. O forno já estava sendo utilizada há nove anos e, desde o ano passado, apresentava problemas.

“Desde 2020 a empresa só fazia as corretivas no forno sem se preocupar com o risco eminente. Era um forno que apresentava problemas estruturais, mas a ganância em produzir não fez a empresa ver o grave acidente que estava por vim”, afirma o diretor de base do Sindicato, Josemar Souto, o Carioca.

“Por estar acima da capacidade, o equipamento se desgasta rapidamente e exige mais reparos. A parede do refratário onde a manutenção foi feita pode ter ficado muito fina e se abriu. Então estamos falando da morte de um companheiro que era evitável, pois a empresa omitia informações de segurança”, protesta Souto, que também é funcionário da Owens, uma das maiores fabricantes de embalagens de vidros do mundo.

Após o acidente, o Sindicato solicitou a interdição do equipamento junto ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), órgão vinculado ao governo municipal, para que se faço a investigação do caso. 

Denúncia

O Sindicato também está mobilizando trabalhadores para um protesto que irá ocorrer na quarta-feira, 1º de dezembro, em frente à fábrica, durante a troca dos três turnos de trabalhadores (saiba mais abaixo).

A entidade também pretende levar o caso para conhecimento de outras organizações mundo afora, por meio da campanha #VidasOperariasImportam, cobrando rígida apuração sobre os fatos e o posicionamento da matriz da indústria de vidros, nos Estados Unidos. A CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramos Químico) e a IndustriALL Global Union, federação internacional de trabalhadores nas indústrias, acompanham o caso.

Protesto

Quarta-feira, 1º de dezembro
Às 4h30, 12h30 e 20h30
Em frente à Owens Illinois na Av. Olavo Egídio de Souza Aranha, 2270, no Parque Cisper, zona leste de São Paulo

 


Fonte:  Rafael Silva - CUT São Paulo - 30/11/2021


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