Os metalúrgicos de São José dos Campos e região deram início à Campanha Salarial 2021, na manhã deste sábado (31), com a aprovação da pauta de reivindicações que será encaminhada aos patrões. A assembleia virtual, realizada por meio de um aplicativo de conferência, contou com a participação de cerca de 100 trabalhadores, de 29 empresas das cinco cidades que abrangem a base territorial do Sindicato. A data-base da categoria é em setembro.
Os operários vão reivindicar 15% de aumento, além da manutenção das cláusulas sociais. Também foi definido o slogan da Campanha: "Metalúrgicos na luta por vacina, emprego, direitos e aumento".
A pauta deverá ser protocolada nos grupos patronais já a partir de segunda-feira (2), quando a bancada de negociação do Sindicato deve ir à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital. Na próxima semana, também devem ocorrer as primeiras assembleias nas portas de fábrica para começar a mobilizar a categoria.
Definição do índice
A definição do índice de 15% foi feita após explanação do pesquisador do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Sócioeconômicos) Gustavo Machado. Ele apresentou dados sobre a inflação, que, de setembro de 2020 a agosto de 2021, deve atingir de 9,2% a 9,5%, segundo as projeções do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Machado também mostrou estudos sobre a situação das empresas nos diversos segmentos existentes na base do Sindicato. De maneira geral, apesar da pandemia, as empresas garantiram seus lucros por conta do aumento da produtividade. Não podemos nos esquecer que muitos patrões demitiram para manter seus ganhos.
Convenções coletivas
Num cenário em que o governo Bolsonaro ameaça constantemente os direitos trabalhistas, é preciso lutar, com unhas e dentes, pela assinatura das convenções coletivas nos grupos patronais. Esta é a garantia que temos contra as investidas que visam rebaixar nossas condições de trabalho.
"Além do aumento real de salário, a luta pela convenção coletiva, com a manutenção e ampliação de direitos, deverá ter grande importância na Campanha Salarial que vamos realizar. Com o comando de greve atuando em sintonia com os nossos ativistas da base, vamos promover fortes mobilizações", explica o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, que conduziu a reunião virtual com os metalúrgicos.
Pauta das mulheres
Como de costume, a pauta terá pontos específicos com as reivindicação das trabalhadoras metalúrgicas. Durante a assembleia, a diretoria do Sindicato Luciene Silva explicou alguns aspectos da pauta das mulheres neste ano. "Queremos discutir com os empresários, por exemplo, medidas que amparem as metalúrgicas vítimas de violência doméstica", explicou.
Fora Bolsonaro e Mourão!
O dirigente sindical Luiz Carlos Prates, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, também participou da assembleia. Mancha falou que a luta por aumento de salário e direitos não pode ficar desconectada da questão política. "Precisamos aproveitar o momento de mobilização da categoria para exigir a saída de Bolsonaro e do seu vice, Hamilton Mourão, do comando do país. Além de ameaçarem as nossas vidas e direitos, eles querem instalar uma nova ditadura no Brasil, como ações recentes têm confirmado", defendeu Mancha.
A importância da base
A assembleia virtual também deu grande espaço para os trabalhadores da base, que puderam falar da realidade enfrentada em suas fábricas e da situação geral do país, sobretudo com a alta no custo de vida.
O companheiro Sidnei (Paraná), da Prolind, mencionou que, apesar da pandemia, a lucratividade dos patrões se manteve e reforçou a necessidade de união. "Só na base da luta é que vamos conquistar aumento real em nossos salários e a garantia dos nossos direitos", disse.
Para Michele, da Latecoere, além de discutir aumento de salário, o momento dever servir para discutirmos a luta contra o governo Bolsonaro e seus ataques.
Já Robson, da Ball, falou do combate que precisa ser feito à política patronal de demitir trabalhador com salário mais alto e substituí-lo por alguém com vencimentos inferiores. Ele também mencionou a inflação, que tem esvaziado o bolso do trabalhador. "Está muito complicado ir ao supermercado e deixar boa parte do nosso salário lá. Na hora de ir a um posto de gasolina, temos que praticamente fazer um financiamento para poder colocar combustível no carro", contou.
Para o vice-presidente do Sindicato, Valmir Mariano, o segredo de uma Campanha Salarial vitoriosa é contar com a participação ativa da base. "Queremos contar com a ação vigorosa dos companheiros e companheiras do chão de fábrica para fortelecer a nossa Campanha Salarial. Esta é a receita que o Sindicato adota há muitos anos e que vamos intensificar ainda mais na mobilização deste ano", afirmou Valmir.