Notícia - Atos marcam um mês de greve dos Correios contra privatização e por direitos

Trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de todo país, em greve há 30 dias por direitos e contra privatização da estatal, foram às ruas nesta quinta-feira (17), para dialogar com a população e explicar que a greve é um protesto contra a redução de 40% nos salários e a retirada de 70 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e contra a entrega da empresa ao capital financeiro. 

Representantes da CUT, das demais centrais e de movimentos sociais, além de trabalhadores de outras categorias também participaram das mobilizações em apoio à greve.

No Ato Nacional em Defesa da Vida, dos Direitos e Empregos, os trabalhadores Correios também denunciaram os impactos da privatização da empresa pública mais antiga do país, como querem o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

Pela manhã, em Brasília, a mobilização ocorreu em frente ao Ministério das Comunicações. A categoria fez uma assembleia e aprovou a continuação da greve.

“Hoje a nossa greve completa 30 dias de uma luta em defesa da manutenção dos nossos direitos e a gente tá na rua para dar visibilidade para nossa pauta e explicar para a sociedade que a privatização da empresa vai impactar a vida de todo mundo, principalmente dos mais pobres e periféricos. Acreditamos que a nossa capacidade de lutar e de mobilizar pode restabelecer um acordo coletivo e frear de vez a venda desta empresa tão importante para o país”, explicou a secretária da Mulher da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) e dirigente da CUT Nacional, Amanda Gomes Corsino.

Para o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, a greve dos trabalhadores dos Correios representa a mais importante trincheira de luta contra os ataques do governo Bolsonaro no desmonte do Estado e na tentativa de privatizações das empresas públicas.

“É uma greve emblemática em defesa da soberania nacional e este é mais um importante ato para denunciar o desmonte que estão querendo fazer com os Correios e o ataque aos seus trabalhadores que apenas defendem  seus direitos”, afirmou.

Sobre a mobilização

A categoria fez um café coletivo no local do ato e estendeu várias faixas na calçada em frente ao ministério com dizeres como: “Correios privatizado, povo prejudicado e não à privatização”.

Cruzes de madeiras também foram espalhadas no local da mobilização em homenagem aos trabalhadores dos Correios que perderam suas vidas pela Covid-19.  Para ajudar os grevistas, o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) entregou 150 cestas básicas para a categoria.

O secretário de Comunicação da Fentect-CUT, Emerson Marinho, lembrou que a mobilização desta quinta-feira ocorre em diversos estados e cidades porque é um ato nacional, não só pelos direitos da categoria, mas também pela manutenção da empresa pública.

“Bolsonaro quer assassinar a classe trabalhadora e utiliza Paulo Guedes, Fábio Faria [ministro das Comunicações] e o general Floriano Peixoto [presidente da ECT] para atacar os direitos e o patrimônio do povo brasileiro. Nós trabalhadores dos Correios vamos dar essas respostas com nossa resistência e garantir a nossa vitória nesta greve”, ressaltou.

Outros estados

O presidente da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, disse que os esta greve, já é histórica, e que Bolsonaro não imaginou que a categoria seria tão resistente. Segundo ele, “é preciso ficar atento porque vão começar espalhar fake news [notícias falsas] para que a população fique contra o movimento grevista”.

Em São Paulo teve atos em dois lugares, na capital e em Guaratinguetá, interior do estado.

O diretor executivo da CUT Nacional, João Batista (Joãozinho), que participou do ato na Avenida Paulista disse que a luta é de todos e todas porque a empresa se nega a negociar qualquer proposta com os trabalhadores.

“A categoria precisa se manter forte e vigiante para conseguir ganhar esta batalha, mas é preciso também lutar pelo fim do governo de Bolsonaro, que não quer saber do povo brasileiro e ainda quer entregar nosso patrimônio público para grandes empresas privadas”, contou.

Teve ato também na Bahia, no Ceará, em São Paulo, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Acre, Minas Gerais, Paraná, Amazonas, Pernambuco, Espírito Santo, Santa Catarina e Sergipe.

No Rio Grande do Sul teve panelaço em frente do prédio Sede, em Porto Alegre. No Ceará foram realizados atos em defesa dos Correios, do emprego e de dignidade em Coremas e Acaraú.  No Espirito Santo, além do ato em Vitória, os trabalhadores de Castelo, na região sul do estado, realizaram piquetes em frente à unidade e confeccionaram cartazes para sinalizar os motivos da greve: contra a retirada de direitos e contra a privatização.

Luta e solidariedade

Os catarinenses ocuparam a Praça XV, no Centro de Florianópolis, para chamar a atenção e a conscientizar a população com informações sobre a situação da Campanha Salarial dos ECTistas. Na mobilização também foi arrecadado 1 quilo de arroz para doar às famílias que estão passando por dificuldades financeiras.

No ato na capital Federal também teve ação de solidariedade. Preocupado com as famílias que tiveram seus salários cortados no começo da greve, o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) doou cestas básicas  para a categoria durante a mobilização.  

“Nós estamos vivendo uma guerra, um atentado contra nossos direitos e qualquer categoria que se organize e precise ir para uma greve será fortemente atacada com intuito de desmobilizar e, nós, enquanto classe devemos ser solidários. A resistência dos trabalhadores dos Correios significa a resistência da classe trabalhadora”, afirmou a diretora de finanças do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa Lima.

Emocionada Amanda Corsino agradeceu a solidariedade e convocou a sociedade e outras categorias para contribuírem na luta.

“A gente agradece ao conjunto da classe trabalhadora e a solidariedade que não estamos tendo nessa greve, porque acreditamos que essa luta não é só da nossa categoria mas de toda a classe trabalhadora. Porque nossa luta é contra essa política de privatização e entreguista do governo Bolsonaro”, afirmou.

Dia 21 – Ocupa Brasília

No próximo dia 21(segunda-feira) o Tribunal Superior do Trabalho (TST) vai julgar o dissídio coletivo da greve e a categoria está se organizando nacionalmente para ir de caravana até Brasília para pressionar os ministros, que vão decidir as cláusulas que passarão a vigorar no novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

“Dia 21 é #OcupaBrasília”! Trabalhadores e trabalhadoras dos Correios de todo país, que estão vindo de ônibus de suas cidades e estados, vão se juntar em um Ato Nacional em defesa dos nossos direitos e contra a privatização dos Correios”, afirmou Emerson Marinho.

Os Sindicatos dos Trabalhadores nos Correios no Paraná,  Campinas e  Amazonas já estão com os ônibus quase cheios. A previsão de chegada das caravanas de todo país em Brasília é até o dia 21.

*Matéria editada por Rosely Rocha e escrita com apoio da CUT DF

 

 


 

 


Fonte:  Érica Aragão - CUT / Foto: ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO) - 18/09/2020


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