Notícia - Metrô de SP já tem 282 trabalhadores afastados e 5 mortes por Covid-19

O primeiro metroviário da ativa morto, na quarta-feira (17), por causa da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus,  foi Armando Ramos Norberto, mas outros quatro trabalhadores e  trabalhadoras do Metrô em São Paulo, que estavam afastados, também perderam a vida para a doença.

Mecânico e diretor do sindicato da categoria, o Armandinho, como era conhecido, se afastou do trabalho para se tratar no dia 29 de maio, mas não resistiu. Ele “deixou mulher, filho, enteados e netos e também deixou todos os metroviários desolados”, diz trecho da nota emitida pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Segundo levantamento feito pela entidade, já são 282 trabalhadores afastadas pela doença, entre eles tem casos confirmados, suspeitos, óbitos e outros que se isolaram porque tiveram contato com pessoas contaminadas, fora os terceirizados e as subnotificações.

E ainda assim a empresa está se negando a fazer testagem em massa, sem considerar o perigo do contágio num local com muita movimentação e com estruturas muitas vezes sem janela e sem condições de manter o isolamento social.

“Tem registros que mostram que o transporte coletivo é o segundo local mais perigoso para ser contaminado e a gente está desde o começo da pandemia tendo que brigar com o Metrô para fornecer os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e agora estamos exigindo a testagem em massa, que seria um dos fatores que nos daria mais segurança”, afirmou o diretor do Sindicato, Marcos Freire.

E a testagem em massa é uma das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o retorno da “nova normalidade”, que indica também que as medidas preventivas devem estar em vigor nos locais de trabalho e em outros locais onde o acesso da população é essencial, entre outras.

Segundo o dirigente, as estruturas internas da empresa não estão preparadas completamente para voltar ao trabalho e muito menos para garantir segurança com a flexibilização das atividades econômicas que começaram na semana passada, o que tem aumentado o fluxo de pessoas nos trens e que em dias “normais” são transportadas mais ou menos 4,8 milhões de passageiros por dia.

Ele disse que até o distanciamento social entre os trabalhadores e trabalhadoras está difícil de manter e que no refeitório, onde passam mais ou menos 70 pessoas por turno, nem janela tem.

“Tem duas áreas de acesso do trabalhador que são complicadas na questão da segurança e o contágio da doença, no refeitório tem uma concentração maior de pessoas e não tem janela e no CCO [Centro de Controle Operacional], onde ficam os que controlam os trens e pátio ficam em média 10 pessoas com portas fechadas”, afirmou Marcos.

O dirigente disse que depois de muita briga com a empresa, os trens estão sendo higienizados a cada viagem, com limpeza com produtos específicos nas alavancas, console e cabine. E máscaras e álcool em gel têm para todo mundo, inclusive para passageiros, mas mesmo com o decreto que obriga o usuário usar a máscara os trabalhadores e as trabalhadoras não podem fazer nada caso tenha alguém sem a proteção.

Falta trabalhadores

Outro fator que está sendo pauta de discussão do sindicato, é o retorno obrigatório dos trabalhadores e trabalhadoras com mais de 60 anos e que são do grupo de risco, mesmo que não tenha outras doenças.

O Metrô estava operando com metade da sua capacidade, mas segundo Marcos, a empresa disse que na próxima semana irá convocar trabalhadores que foram promovidos e estão em outras áreas para voltar a operação da Linha Leste, porque voltará a trabalhar com os 41 trens, e não tem trabalhador suficiente.

“Os trabalhadores e trabalhadoras estão tensos e preocupados com a situação que estamos vivendo e o sindicato está atento as medidas do Metrô e vai continuar lutando por melhores condições de trabalho e para proteger a vida da categoria”, afirmou Marcos.

Campanha Salarial

E se não bastasse a pandemia e o enfrentamento com a empresa em defesa da vida e do trabalho, a categoria também enfrenta as batalhas da Campanha Salarial 2020, data base 1º de maio.

Segundo Marcos, a negociação está rolando diretamente com o secretário de Transporte do Governo de SP, João Octaviano Machado Neto, e que o viés da negociação está em retirar direitos já conquistados.

Ele também contou que todo ano a primeira coisa que se negocia é a garantia da validade do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) até se negociar completamente o do ano vigente, mas que nem isso a categoria conseguiu e com isso os metroviários e metroviárias estão sem acordo.

“Eles estão aproveitando a pandemia para tirar nossos direitos alegando que está difícil, que teve prejuízos mas a gente sabe que os motivos são outros. Há muito desvio de dinheiro com as concessões da empresa e eles querem colocar a conta nas costas do trabalhador”, afirmou Marcos.

A negociação está sendo feita por videoconferência com 20 diretores do sindicato e que estão se reunindo para discutir e avaliar a pauta de negociação.

Resumo dos casos de Covid-19 na categoria que chegaram ao conhecimento do Sindicato dos Metroviários de SP (até 17/06/2020): 

Marcos também conta que os números de casos e mortes entre os trabalhadores e trabalhadoras por covid-19 não são feitas pela empresa e sim por uma Comissão de Trabalhadores que estão dialogando com a categoria o tempo todo para levantar as informações.

Até está quarta-feira (17) os números estão assim:

- Confirmados por exame ou clinicamente: 123

- Suspeitos com sintomas: 76

- Afastado por ter tido contato com outro contaminado: 83

- 1 óbito confirmado de metroviário na ativa

- 4 óbitos de metroviários que já estavam afastados

- Sem registro das linhas 4 e 5

Total de 282 afastamentos

 - Trabalhadores terceirizados (contém subnotificação)

12 casos confirmados

12 suspeitos


Fonte:  Érica Aragão - CUT - 19/06/2020


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