O governo de Jair Bolsonaro lançou na segunda-feira (11/11) o programa Verde e Amarelo, iniciativa que pretende criar 4,5 milhões de empregos ao longo de três anos. A proposta, enviada ao Congresso por meio da Medida Provisória nº 905, terá como foco jovens entre 18 e 29 anos.
A ideia consiste em alavancar a geração de empregos reduzindo o custo da mão de obra entre 30% e 34%. Para isso, empresas contarão com uma isenção na contribuição patronal do INSS (de 20% sobre o salário), das alíquotas do Sistema “S” e do salário educação.
Além disso, a contribuição para o FGTS cairá de 8% para 2% e o valor da multa poderá ser reduzido de 40% para 20% sobre o saldo do benefício.
Seguro-desemprego
Para financiar as mudanças, haverá uma taxação de 7,5% dos trabalhadores que recebem o seguro-desemprego. Com a cobrança direta no benefício, o Governo Federal pretende gerar uma arrecadação de cerca de R$ 12 bilhões em cinco anos.
O valor, sozinho, é superior ao custo do programa, estimado em R$ 10 bilhões no mesmo período.
Dario Abrahão Rabay, sócio do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, apoiou a iniciativa é propícia, que em sua opinião poderá ajudar a inserir jovens no mercado de trabalho.
“O pacote é extremamente positivo. Temos um facilitador para a contratação de pessoas que não tiveram oportunidades de ter um primeiro emprego. Você cria alguns alívios que permitem que a contratação seja estimulada”, afirmou em conversa com a ConJur.
O advogado também defende que as mudanças para reduzir o custo da mão de obra não representam, necessariamente, precarizar os empregos. “Não vejo como precarização porque você não está reduzindo os direitos dessas pessoas. São jovens de até 29 anos e você está dando oportunidades para essas pessoas.”
Já para Lívio Enescu, ex-presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo (AATSP), o programa Verde e Amarelo irá gerar uma “precarização absurda” dos postos de trabalho.
“[O programa] precariza o trabalho muito mais do que cria empregos. Estamos vendo a diminuição do bom emprego e do bom empresário. O mau empresário é responsável por precarizar o trabalho, gerando uma concorrência desleal. A saída acaba sendo criação de mais empregos precarizados”, defende.
O advogado também criticou o desconto de 7,5% no seguro-desemprego, taxação que irá bancar o programa. “Você percebe a inversão de valores? Esse pacote pega o desempregado, tributa ele, para que ele financie a precarização. Estamos em um processo de inversão de valores. Aquele que está sem emprego e dificilmente terá uma recolocação no mercado, diante da situação do país, receberá o seguro-desemprego como paliativo e ainda pagará tributo”, afirma.
Foco nos jovens
O programa inicialmente pretendia focar em jovens entre 18 e 29 anos e trabalhadores com mais de 55 anos. No entanto, o governo anunciou que irá excluir o último grupo. A decisão foi tomada levando em conta o número elevado de desocupação entre os mais jovens.
No segundo trimestre deste ano, por exemplo, a taxa de desemprego entre brasileiros de 18 a 24 anos era de 25,8%, segundo dados do IBGE. Já a desocupação total no país ficou em 12% durante o mesmo período.
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