Notícia - Reajustes salariais superaram por pouco a inflação em 2017

A grande maioria das negociações salariais bateu a inflação em 2017, revertendo tendência registrada no ano anterior.

Os reajustes foram pouco dispersos, com ganhos reais pequenos para os trabalhadores, numa situação que promete se repetir em 2018.

No ano passado, 79,5% das negociações salariais resultaram em reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice que mede a inflação para famílias com renda até cinco salários mínimos e é referência para os reajustes salariais. Em 2016, essa proporção havia sido de 27,4%.

As correções abaixo da inflação caíram de 46,5% a apenas 10% na passagem de 2016 para 2017, segundo dados do boletim Salariômetro, da Fipe.

"As negociações salariais em 2017 foram muito positivas, considerando que ainda é um ano de baixa atividade econômica e de alto desemprego", diz Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP e coordenador do Salariômetro.

O resultado favorável, segundo ele, se deve basicamente à queda abrupta da inflação no ano passado. O INPC fechou 2017 com variação de 2,07%, contra 6,58% em 2016, no menor avanço anual desde o início da série histórica do indicador, em 1994.

O reajuste nominal mediano dos salários foi de 5% em 2017, abaixo dos 9,6% de 2016, refletindo a queda da inflação. Já o ganho real mediano ficou em 0,67% no ano passado, comparado a estabilidade (0,0%) em 2016.

O recuo da inflação levou os reajustes reais a se tornarem mais concentrados, com o intervalo de dispersão em 2017 ficando entre 0% e 2,72%, comparado a intervalo de -4,62% a 0,19% no ano anterior. "Como a inflação caiu muito, não puderam haver grandes aumentos, porque eles fugiriam muito da inflação", observa Zylberstajn. "Num cenário de muita estabilidade dos preços, há uma concentração dos reajustes em torno da inflação, ligeiramente acima", completa.

Diante da expectativa do mercado de uma inflação ainda bem comportada para 2018 - com o INPC projetado em 4,04%, conforme a mediana Focus - a tendência de reajustes reais pouco dispersos e pouco acima da inflação deverá se repetir este ano, prevê o professor, com ganho real máximo de 1% a 1,5%. Os reajustes nominais, por sua vez, devem crescer lentamente, acompanhando a pequena aceleração esperada da taxa de inflação.

Os acordos com redução de jornada e salário devem ficar no passado. Foram 390 em 2016, caindo a 137 em 2017, recuo de 65%. A prática, que se tornou recorrente nos auge da recessão, praticamente desapareceu nos últimos meses do ano passado: foram três acordos com redução de jornada e salário em novembro e apenas um em dezembro.

"Na medida em que vamos retomar o crescimento, as empresas devem abandonar essa prática. O número já foi muito pequeno em 2017 e este ano tende a ser menor ainda", diz Zylberstajn.

No mês de dezembro, pouco usado como data-base pelas categorias profissionais, foram fechadas 43 negociações salariais, contra 320 acordos e convenções em novembro (os números posteriormente são revisados para incluir dados enviados com atraso). No último mês do ano, 86% dos reajustes ficaram acima da inflação, acima dos 69,7% de novembro. Os reajustes abaixo da inflação subiram de 4,4% para 11,6% e aqueles iguais ao INPC caíram de 25,9% a 2,3% na passagem de novembro a dezembro.

O reajuste nominal mediano foi de 3% em dezembro, ligeiramente acima dos 2,5% de novembro. Já o ganho real mediano ficou em 1% no último mês do ano, contra 0,7% em novembro.


Fonte:  Valor - 23/01/2018


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